É raro, mas pode acontecer: um DIU (Dispositivo Intrauterino) se deslocar de sua posição original, no útero. Foi o caso da influenciadora norte-americana Hayley Davies, de 25 anos. O deslocamento, segundo ela, acabou arrancando um pedaço do pênis de seu parceiro durante uma relação sexual.
"Eu senti dor o tempo todo durante o ato [sexual] e, depois, no chuveiro, percebi o quanto estava mal", disse Hayley.
O deslocamento também causou um corte em seu colo do útero, ao que ela precisou remover o dispositivo. Hayley tem 1,2 milhão de seguidores no Instagram e compartilhou a experiência em vídeo divulgado nas suas redes sociais.
Segundo a ginecologista do Hospital São Paulo Zsuzanna Di Bella, como o útero é um órgão muscular, ele contrai durante a menstruação, na gestação, na relação sexual e durante o trabalho de parto e também pode contrair na presença de um DIU (Dispositivo Intrauterino).
No entanto, segundo ela, o risco do deslocamento do DIU é menor que 1% e, na maior parte das vezes, vai para o colo do útero. É mais comum em caso de DIUs não hormonais.
A especialista ressalta que o deslocamento pode ser assintomático, como pode vir acompanhado de dores e sangramentos.
"Quando você põe, tem que ficar fazendo exames de rotina, para ver como é que ele está, se está na posição correta. É muito seguro, mas comigo aconteceu uma coisa muito, muito rara: o meu corpo tentou expulsar ele", disse.
De acordo com o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), o parceiro não deve sentir o DIU durante o sexo. Se isso acontecer, é possível que o dispositivo esteja mal posicionado.
A recomendação do NHS são verificar regularmente a posição do DIU, especialmente no primeiro mês após a colocação e após cada menstruação, para evitar complicações.
Segundo Zsuzanna, a depender do tipo de DIU, ele pode permanecer no útero entre 3 a 12 anos. Em caso de deslocamento, a especialista indica a videolaparoscopia, que é minimamente invasiva. A retirada é feita sob efeito de anestesia e a recuperação considerada rápida.
De acordo com Zsuzanna, não existe prevenção para essa situação, mas o diagnóstico é feito pela avaliação do tamanho do fio do DIU e pela ultrassonografia endovaginal.
Por isso a especialista recomenda o acompanhamento após a inserção do DIU por pelo menos uma vez por ano. Fatores como o DIU em posição incomum devem ser avaliados.
"Quando detectado que o DIU não está posicionado no útero pela ultrassonografia, o próximo passo é realizar uma radiografia do abdome para localizá-lo", explicou.
Além disso, quando ocorre padrão de sangramento desfavorável, anemia ou falta de ferro por sangramento em grande quantidade ou por cólicas fortes, pode ser indicado sua retirada.
Em geral, para pessoas que já vivenciaram essa situação pode ser mais arriscado, segundo ela. Outra situação de risco são úteros com camada muscular mais fina.