Enchentes e inundações são responsáveis não só pela destruição de infraestruturas e a morte de pessoas e animais, como também podem ser propagadoras de doenças e do aumento de vetores de diversas enfermidades. Entre esses problemas para a saúde pública, um dos mais comuns é a leptospirose – transmitida pelo rato, que carrega bactérias do gênero Leptospira, como explica um artigo sobre o tema publicado no site do Instituto Butantan (centro pesquisa científica e produção de imunobiológicos do governo do estado de São Paulo).
Já como detalha a OMS (Organização Mundial da Saúde), a infecção por leptospirose ocorre em humanos quando se entra em contato com a urina de ratos infectados – e pode estar presente em água e lama contaminadas. “Em áreas de risco para inundações, a incidência da doença pode aumentar em mais de dez vezes, segundo a OMS”, diz o Butantan.
Em Bac Ninh, no Vietnã, os ratos mortos são jogados em água quente para facilitar a remoção manual dos pelos. Em algumas culturas, esses animais servem de alimento, mas não podem estar contaminados.
Ainda segundo dados do Ministério da Saúde, apenas no ano de 2023 o Brasil registrou 3.128 casos confirmados de leptospirose, com 258 mortes (e uma taxa de letalidade de 8,2%). As regiões Sul e Sudeste foram as que tiveram maior incidência do problema, que é bastante comum em cidades com problemas de saneamento básico.
O artigo do Butantan detalha que quem for infectado pela bactéria do gênero Leptospira pode apresentar, na primeira semana, sintomas como febre que começa subitamente e pode passar dos 38°C, calafrios, dor de cabeça e muscular (principalmente na região da panturrilha), além de falta de apetite, náusea e vômitos.
Como esses sintomas podem ser confundidos com os da dengue, é importante procurar atendimento médico e realizar o teste para confirmar o diagnóstico. Já outros 30% dos pacientes com leptospirose podem também ficar com os olhos vermelhos, considerada característica típica da leptospirose, como detalham dados do Ministério da Saúde.
A fonte de pesquisa adianta que quadros mais graves atingem cerca de 15% dos indivíduos, quando os sintomas passam a incluir também icterícia (pele e olhos amarelados), insuficiência renal, alteração no nível de consciência e hemorragia. “Tosse seca e falta de ar podem indicar comprometimento dos pulmões. A mortalidade é de 10% e pode chegar a 50% quando ocorre hemorragia pulmonar”, detalha o Butantan.
O Ministério da Saúde brasileiro alerta que, além da leptospirose, outras infecções também podem ter sua transmissão facilitada por causa de enchentes e alagamentos. Entre elas estão o tétano, a hepatite A, doenças diarreicas agudas (como o cólera, por exemplo), além da dengue – já que o mosquito Aedes Aegypt, que carrega o vírus, usa água parada para se reproduzir.
A fonte oficial também alerta para a proliferação de animais contaminantes, como ratos e baratas, além de outros peçonhentos, como escorpiões, cobras e aranhas, que podem ficar escondidos em meio aos destroços e entulhos da infraestrutura atingida pelas águas.
Por isso mesmo, recomenda-se evitar o contato direto da pele com a água contaminada, bem como não consumir alimentos que tenham tido contato com as enchentes.