Talvez você não tenha ouvido falar sobre Max Theiler (1899-1972), mas o microbiologista sul-africano marcou um ponto de virada na medicina para o mundo todo. Isso porque uma de suas principais contribuições foi o desenvolvimento de uma vacina contra a febre amarela.
Graças às suas descobertas sobre a febre amarela e como combatê-la, o médico sul-africano recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1951.
Embora tenha iniciado estudos em seu país natal, seu trabalho foi realizado principalmente nos Estados Unidos. Na África do Sul, Theiler estudou na Rhodes University College, em Grahamstown, e na Faculdade de Medicina da Universidade da Cidade do Cabo. Em seguida, estudou em Londres, na Inglaterra, onde se qualificou como médico em 1922, como informa o site do Nobel de Medicina em sua seção dedicada ao médico.
Ainda no mesmo ano, ingressou no Departamento de Medicina Tropical da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, e em 1930 começou a atuar na Divisão de Saúde Internacional da Fundação Rockefeller, em Nova York, um cargo que viria a ser fundamental em sua carreira.
Para desenvolver uma vacina contra a febre amarela, o trabalho inicial de Theiler em Harvard se concentrou na amebíase (uma doença intestinal causada por um parasita microscópico) e na febre da mordida de rato.
No entanto, ele estava particularmente interessado na febre amarela, uma doença zoonótica encontrada em algumas regiões tropicais da América do Sul e da África, e que é transmitida pela picada de certas espécies de mosquitos (dos gêneros Haemagogus e Sabethes nas áreas de selva das Américas, e pelo Aedes aegypti nas áreas urbanas), como explica a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
A doença costumava ser bastante comum naquela época e matava centenas de pessoas nos trópicos, como detalha o site oficial do Nobel.
Ainda de acordo com o site oficial do prêmio, um grande avanço ocorreu em 1927 quando o microbiologista e seus colegas demonstraram que a causa dessa doença não era uma bactéria, mas um vírus filtrável.
A criação da vacina da febre amarela, que hoje é aplicada em massa na população de países das zonas tropicais, garantiu ao microbiologista Max Theiler o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1951.
Enquanto trabalhava na Fundação Rockefeller em busca de vacinas contra a doença, o especialista conseguiu transmitir o vírus da febre amarela a camundongos, o que abriu caminho para mais pesquisas. Ao passar o vírus para roedores, ele obteve uma forma enfraquecida que poderia imunizar os macacos.
Graças a esses avanços, em 1937, Theiler usou uma variante do vírus ainda mais fraca para fazer o imunizante, o que permitiu o desenvolvimento de um produto seguro e padronizado. Assim surgiu a vacina 17D, que tinha como uma de suas vantagens a fácil adaptabilidade à produção em massa.
"A fundação financiou os primeiros testes de campo realizados no Brasil no ano seguinte (em 1938) e, diante dos resultados positivos, apoiou a produção em larga escala da vacina", acrescenta a Pesquisa Fapesp, revista especializada na cobertura da produção científica e tecnológica brasileira.
Atualmente, a febre amarela pode ser prevenida por meio, justamente, da vacinação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que uma única dose da vacina é suficiente para garantir proteção por toda a vida.
Outro trabalho que o ganhador do Prêmio Nobel realizou para o Instituto diz respeito às causas e à imunologia de certos distúrbios, como a doença de Weil. Ele também fez pesquisas sobre a dengue e a encefalite japonesa.
Conforme observado em um artigo publicado pelo Singapore Medical Journal, após se aposentar da Fundação Rockefeller, em 1964, o Dr. Theiler tornou-se professor de epidemiologia e microbiologia na Universidade de Yale, onde permaneceu até 1967.
"Embora muito tenha sido escrito sobre suas realizações e seu trabalho no laboratório, pouco se conhece sobre sua vida pessoal", reconhece o artigo. Sabe-se que ele se casou com Lillian Graham em 1928, com quem teve uma filha.
O artigo observa que, apesar de ter emigrado para os Estados Unidos em 1928, ele teve uma filha. O documento observa ainda que embora tenha emigrado para os Estados Unidos em 1923 e permanecido lá pelo resto de sua vida, nunca solicitou a cidadania norte-americana.
O médico que desenvolveu a vacina contra a febre amarela morreu de câncer de pulmão em 11 de agosto de 1972, aos 73 anos de idade.