Muito comum em alguns países da América do Sul, a erva-mate é um produto feito com as folhas secas, levemente torradas e trituradas, oriundas da planta Ilex paraguariensis Saint Hilaire, como explica o Código Alimentar da Argentina (um conjunto de normas para a comercialização de alimentos). O país vizinho ao Brasil é um dos países que também tem alto consumo da erva.
As folhas da erva-mate são, geralmente, misturadas com fragmentos de ramos jovens e secos, além de conter os pecíolos (a parte que sustenta as folhas).
Essa erva pode ser consumida de diferentes formas. No Brasil, as maneiras mais comuns de tomar a erva-mate são associadas ao chimarrão (acompanhada de água quente) e ao tererê (com água, refrigerante ou suco, todos frios).
Em países como a Argentina e Uruguai, é preparada em forma de mate, um recipiente de madeira, plástico ou outro material no qual a erva é colocada com água quente.
"Nos últimos anos, um número crescente de artigos científicos tem demonstrado um impacto relevante das propriedades da erva-mate para a saúde, atribuído aos seus compostos bioativos e atividade antioxidante", afirma Lucas Brun, pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet) da Argentina e diretor do Laboratório de Biologia Óssea da Universidade Nacional de Rosário (UNR).
O especialista falou, em entrevista à National Geographic, sobre os benefícios da erva-mate. Ele comenta seus efeitos sobre o peso corporal, o metabolismo lipídico, a proteção cardiovascular, a atividade antidiabética, anti-inflamatória, antimutagênica (redução de mutações) e seu fator antimicrobiano. Além disso, foram descritas atividades neuroprotetoras e um efeito positivo sobre os ossos, todos relacionados à erva-mate.
Brun e um grupo de especialistas do Laboratório de Biologia Óssea da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nacional de Rosário (UNR) estão investigando o papel da erva-mate no tecido ósseo.
A equipe relatou que o consumo da erva está associado a uma densidade mineral óssea significativamente maior (ou seja, ossos mais densos e mais fortes) em animais e em mulheres na pós-menopausa (fase que ocorre, em geral, após os 45 anos).
Embora não existam estudos comparativos, o pesquisador do Conicet afirma que os efeitos positivos seriam semelhantes mesmo entre as diferentes marcas de erva-mate.
Entretanto, esses resultados benéficos podem ser menores quando se consome tererê ou mate cozido. Nesses casos, há menor extração dos componentes presentes na erva-mate com atividade antioxidante.
Em 2016, um grupo de trabalho de 23 cientistas internacionais convocados pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês), uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), avaliou se há relação entre o mate e outras bebidas muito quentes com o desenvolvimento de câncer.
Após a análise, os especialistas não encontraram evidências conclusivas sobre o consumo de mate.
Outros possíveis efeitos negativos, como sua contribuição para a insônia, foram associados ao hábito de consumir a erva-mate antes de dormir.
De acordo com o especialista, esse efeito pode ser explicado pela ação neuroestimulante das xantinas (um composto que tem efeitos estimulantes, como a cafeína). O impacto varia de acordo com o organismo de cada indivíduo.
Há um mito de que a erva-mate causa gastrite. No entanto, diz o pesquisador em entrevista, estudos preliminares não constaram essa associação.
O que pode ocorrer é um desconforto pela leve distensão ou dilatação do esfíncter gastroesofágico (anel de músculo em torno do esófago) provocado pelos componentes da erva.
Brun esclarece que "o consumo de erva-mate é um fator a mais que contribui para a saúde como parte de uma dieta saudável”, fazendo a ressalva de que não deve ser usada como tratamento para uma condição específica.