A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, nesta sexta-feira, 18 de maio, o relatório Estatísticas Sanitárias Mundiais 2022, no qual apresenta os dados mais recentes disponíveis sobre saúde e indicadores relacionados para seus 194 estados membros.
Em 2023, o relatório inclui pela primeira vez uma seção dedicada às mudanças climáticas, além de 50 indicadores relacionados a ela, e concentra-se no impacto da pandemia de coronavírus.
Embora tenham sido registradas melhorias nos últimos anos, ainda existem dados preocupantes, reconhece a entidade. A poluição do ar ambiente (externo) e do ar doméstico (interno) são fatores de risco que têm sido associados a várias condições de saúde.
Por um lado, a exposição a poluentes do ar interno pode causar várias doenças, desde problemas oculares até enfermidades respiratórias e câncer. Já a poluição externa pode levar a derrames, doenças cardíacas, câncer de pulmão e infecções respiratórias, entre outras.
Expressa em números, a poluição atmosférica foi responsável por aproximadamente 7 milhões de mortes em todo o mundo em 2016. Dessas, 4,2 milhões foram causadas pela poluição do ar ambiente. Enquanto o restante (3,8 milhões de mortes) foi causado pela exposição à poluição do ar interna, grande parte dela devido à fumaça de fogões improvisados, como os que usam lenha ou carvão.
Existe uma cifra alarmante em relação à poluição do ar externo: quase toda a população mundial (cerca de 99%) respira níveis insalubres de partículas finas e dióxido de nitrogênio; e os habitantes de países de baixa e média renda são os mais expostos.
Enquanto isso, outros fatores ambientais, como água potável insalubre, saneamento e falta de higiene causaram cerca de 870 mil mortes relacionadas em todo o mundo em 2016.
De acordo com as estimativas da OMS, em 2020 cerca de três quartos (74%) da população mundial tinham acesso a serviços de água potável gerenciados de forma segura. Ou seja, 2 bilhões de pessoas sofriam com a falta desse recurso. Além disso, 3,6 bilhões de pessoas em todo o mundo tinham serviços de saneamento insuficientes.
Sobre isso, a organização destaca a urgência de maiores esforços para alcançar as metas propostas: o acesso universal a serviços de água, saneamento e higiene básica até 2030 exigirá um aumento de quatro vezes nas taxas de progresso atuais.
A situação para se alcançar esse ritmo é pior em países menos desenvolvidos e em ambientes frágeis, onde as taxas de progresso devem ser multiplicadas por 10 e 23, respectivamente, para que o acesso universal a serviços de água, saneamento e higiene básica seja alcançado.
Além dos dados sobre poluição, o relatório oferece uma visão geral do estado da saúde mundial. Nesse sentido, é evidente que a população está vivendo por mais tempo e chegando a idades avançadas com boa saúde.
A expectativa de vida global ao nascer aumentou de 66,8 anos em 2000 para 73,3 anos em 2019; enquanto a expectativa de vida saudável aumentou de 58,3 anos para 63,7 anos.
Nos últimos 20 anos, também houve avanços na saúde materno-infantil: a taxa de mortalidade materna global e a taxa de mortalidade em menores de cinco anos diminuíram quase 40% e 60%, respectivamente, desde o ano 2000. Além disso, o número total de crianças afetadas por retardamento no crescimento foi 27% menor em 2020.
Também houve uma redução no consumo médio de álcool e tabaco em todo o mundo. Neste último caso, a diminuição foi mais significativa: cerca de 22% da população mundial com mais de 15 anos consumia tabaco em 2020, em comparação com quase 33% em 2000.
"Além disso, os grandes investimentos e melhorias nos programas de doenças transmissíveis, como HIV, tuberculose e malária, resultaram em declínios na incidência e mortalidade dessas doenças em nível mundial".
Por outro lado, a proporção mundial de mortes atribuíveis a doenças não transmissíveis (DNTs) aumentou de quase 61% em 2000 para quase 74% em 2019, e elas continuam sendo responsáveis por quase metade de todas as mortes nos países de baixa renda.
Em relação à violência contra as mulheres, ela continua sendo uma preocupação para a saúde pública mundial. Em todo o mundo, aproximadamente uma em cada quatro mulheres com 15 anos ou mais foi vítima de violência física e/ou sexual por parte de um parceiro íntimo masculino pelo menos uma vez na vida.
O relatório ainda indica que a pandemia de Covid-19 causou um retrocesso significativo nesse sentido.
A organização reconhece que ainda existem desigualdades na saúde em todo o mundo e alerta que, no ritmo atual de melhoria, muitos indicadores (incluindo mortalidade prematura por DNTs, incidência de tuberculose, malária e novas infecções por HIV) não alcançarão as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030.
Nesse sentido, a organização reconhece a pandemia de Covid-19 como um obstáculo aos progressos na área da saúde. Por exemplo, isso ficou evidente no aumento do número de mortes por tuberculose e malária entre 2019 e 2020 devido a interrupções em diversos serviços.
Diante desse cenário, a organização pede uma resposta coordenada e fortalecida para retomar o caminho em direção aos ODS.