Um estudo realizado pela Universidade de Glasgow, no Reino Unido, em parceria com o Great Ormond Street Hospital, em Londres, pode ter identificado a possível causa dos quadros de hepatite aguda que têm acometido crianças de todo o mundo.
A conclusão incial dos pesquisadores foi de que os quadros de hepatite estariam ligados ao vírus responsável por alguns tipos de gripe comuns, o chamado adenovírus. Análises envolvendo 37 pacientes, além de grupos de controle, indicaram a presença do vírus adeno-associado 2 (AAV2) nas amostras coletadas, sugerindo uma provável relação entre o agente patogênico e as complicações hepáticas em menores de 12 anos, que são consideradas raras.
No entanto, apesar do AAV2 ter sido encontrado em amostras de 96% dos pacientes avaliados, ainda não foi possível determinar se a presença do vírus configura uma infecção anterior ou a própria causa da doença. Os pesquisadores afirmam que a quarentena afetou negativamente o sistema imunológico das crianças, que devido ao isolamento, deixaram de serem expostas a determinados patógenos e, logo, tiveram sua resposta imune comprometida. A pesquisa também descartou a relação da doença com as vacinas contra a covid-19.
O que já se sabe é que o AVV2, sozinho, não consegue se replicar sem o auxílio de um "vírus ajudante", como um adenovírus. Desta forma, outra hipótese avaliada pelos cientistas é de que tratem-se de casos de coinfecção pelo AVV2 e/ou um adenovírus, ou ainda o vírus da Herpes HHV6. Contudo, para determinar a causa exata da hepatite aguda em crianças, ainda serão necessárias mais análises.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, desde abril deste ano, pelo menos 1.010 casos da doença foram confirmados em 35 países, e complicações da inflamação grave do fígado já provocou a morte 22 crianças. Outras 46 pessoas tiveram que ser submetidas a um transplante do órgão.