Após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reforçou sua articulação com interlocutores no Supremo Tribunal Federal (STF) para nova tentativa de liberação de seu passaporte, que foi apreendido no contexto das investigações sobre o ataque aos três poderes em janeiro de 2023, conforme reportagem do jornal O Globo.
Ainda de acordo com o jornal, aliados de Bolsonaro entrarão em contato direto o ministro Alexandre de Moraes para tentar convencê-lo a liberar o documento para que o mesmo compareça à posse de Trump, no dia 20 de janeiro. O ex-presidente, inclusive, deu o aval a contatos diretos com o ex-presidente Michel Temer (MDB) para fazer a ponte com Moraes.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro mencionou Temer como um nome viável para a vice-presidência, deixando a porta aberta para alianças estratégicas. “Não descarto conversar com ninguém. Ele [Temer] é garantista, é um ex-presidente”.
O entorno do ex-presidente avalia que, com a vitória de Trump, o ministro poderia usar o episódio como uma oportunidade para fazer um gesto ao presidente eleito dos EUA.
Entre os argumentos que interlocutores de Bolsonaro levarão aos magistrados, destaca-se o de que a ausência do ex-presidente brasileiro na posse, um evento de repercussão mundial, fortaleceria a imagem de “perseguido” do ex-presidente e “pressionaria” o STF. Para esses aliados, a negativa do passaporte abriria espaço para uma nova pressão internacional sobre a corte.
Até o momento, no entanto, os ministros não percebem mudanças no cenário que possam beneficiar o ex-presidente. Eles consideram que o STF é independente e soberano, e não acreditam que o ministro Alexandre de Moraes tomará atitudes para agradar a Trump. Moraes tem sinalizado a auxiliares que “nada muda” com a eleição do republicano.