A CNN apurou que a carta, datada de 18 de setembro, aceita o convite brasileiro e diz que a Argentina está pronta para contribuir para o êxito da reunião. Segundo fontes que viram o documento, a comunicação fala dos interesses compartilhados entre os dois países.
A recente carta, revelada inicialmente pelo jornal argentino La Nación, é a terceira enviada por Milei para Lula. A primeira foi remetida antes mesmo da posse do argentino. Na carta, Milei convidava o presidente brasileiro para o evento, ao qual Lula não compareceu, devido a todas as críticas a ele proferidas por Milei durante a campanha eleitoral.
Assim como a primeira, a segunda carta foi entregue ao chanceler brasileiro Mauro Vieira pela chefe da diplomacia argentina, Diana Mondino, em abril. A comunicação, segundo fontes ouvidas pela CNN, era extremamente informal e sugeria um encontro com Lula, e nunca chegou a ser respondida pelo presidente brasileiro.
O terceiro contato ocorreu apesar de múltiplas demonstrações públicas de Milei de não ter intenções de mitigar a hostilidade contra Lula. Já como presidente, Milei se negou a pedir desculpas ao presidente brasileiro e voltou a chamá-lo de “corrupto” e “comunista”, como havia feito durante a campanha eleitoral.
O presidente argentino também repostou, em redes sociais, diversas publicações de que haveria uma ditadura, perseguição e tirania no Brasil.
Em julho, ao invés de participar da cúpula do Mercosul, no Paraguai, Milei foi ao Brasil, para a Conferência de Ação Política Conservadora em Balneário Camboriú (SC) e se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, Milei não solicitou uma reunião com Lula.
Em discurso recente, Milei disse que a Justiça brasileira é dependente do PT e que o bloqueio do X pelo ministro Alexandre de Moraes só poderia ser apoiado por um “tirano”.
Apesar do incômodo gerado pelo comportamento de Milei, o governo Lula socorreu a Argentina em pelo menos duas oportunidades neste ano.
Em maio, a chancelaria brasileira e o ministério de Minas e Energia agilizaram a liberação de um carregamento emergencial de gás natural da Petrobras, evitando um colapso energético no país vizinho.
Em agosto, o Brasil assumiu os cuidados da embaixada da Argentina na Venezuela após Maduro expulsar o corpo diplomático de Milei do país. Caracas tentou revogar a autorização para a representação, mas o Brasil se negou e há meses negocia com os venezuelanos para que os opositores asilados na embaixada argentina possam sair da Venezuela em segurança.