O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atribuiu a disparada do dólar ao que chamou de “interesse especulativo contra o real”.
“Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real nesse país. Não é normal o que está acontecendo”, disse em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador. “Temos que fazer alguma coisa [com relação ao dólar]”, concluiu.
Na segunda-feira (1º), o dólar voltou a renovar as máximas desde janeiro de 2022. A moeda dos EUA encerrou a primeira sessão de julho com alta de 1,13%, negociada a R$ 5,653 na venda, o maior valor desde 10 de janeiro, quando foi a R$ 5,672.
Nas últimas semanas, a moeda norte-americana tem acumulado uma série de ganhos ante o real, uma vez que os investidores seguem preocupados com o rumo das contas públicas brasileiras.
Ao comentar sobre as contas públicas, o presidente voltou a defender que o governo se preocupa com a situação fiscal.
“É preciso cuidar dos gastos públicos. E ninguém nunca cuidou mais dos gastos públicos do que eu. O que eu não posso é aceitar a ideia de que precisa acabar com benefício de pobre.”
Ao falar sobre o trabalho do Banco Central (BC), Lula retomou as críticas à condução da política monetária e ao presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, dizendo enxergar um viés político em sua atuação.
“O que não dá é você ter alguém dirigindo o BC com viés político. Definitivamente, eu acho que ele tem um viés político, mas eu não posso fazer nada, porque ele é o presidente do BC, tem mandato, foi eleito pelo Senado. Eu tenho que esperar terminar o mandato e indicar alguém”.
Lula completou dizendo que o BC é um banco do “estado brasileiro” e que a instituição não pode “estar a serviço do mercado financeiro”.
Na noite de segunda-feira (1º), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou sobre a disparada da divisa norte-americana e reconheceu que o governo se comunicar melhor.
“Atribuo [a alta do dólar] a muitos ruídos. Já falei isso no Conselhão. Precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo”, disse.
O ministro deve se reunir nesta quarta-feira (3) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar sobre as questões econômicas do governo.
Em relação ao corte de gastos, o ministro disse que o governo estuda um contingenciamento e que ele deve ser do tamanho necessário para cumprir o arcabouço fiscal, mas não detalhou cortes ou medidas específicas.
*com informações de Lucas Schroeder, da CNN.