Pesquisas eleitorais divulgadas na Argentina nos últimos dias mostram o ministro da Economia, Sergio Massa, à frente do deputado Javier Milei, com vantagens variadas.
Um levantamento da Zuban Córdoba, divulgado pelo jornal Clarin nesta quarta (1º), aponta Massa com 45,4% de preferência, ante 43,1% de Milei. O ministro, no entanto, tem 56,7% de rejeição, e o deputado, 54,3%. O levantamento ouviu 2.000 pessoas nos dias 28 e 29 de outubro.
Outro estudo, da consultoria Analogías, deu 42,4% para Massa e 34,3% a Milei, com 17,5% de indecisos. A pesquisa ouviu 1.954 argentinos, etre 23 e 25 de outubro. A Analogías costuma ser contratada para fazer pesquisas para o grupo político da vice-presidente Cristina Kirchner.
A Analogias aponta que Massa captou cerca de 15% dos eleitores de Patrícia Bullrich, que seguem dispersos entre várias opções, e que ele também ganhou votos entre mulheres e eleitores de menos escolaridade.
Já a consultoria Proyección apontou 44,6% para Massa, contra 33,2% de Milei. O instituto ouviu 1.459 nos dias 23 e 24 de outubro, logo após a votação de primeiro turno. A Proyeccion também mediu a rejeição aos candidatos. 40,5% dos eleitores disseram que jamais votariam em Massa, e 45,3% não apoiariam Milei.
A Argentina tem diversos institutos de pesquisa eleitoral, sem que haja dois ou três principais, como ocorre no Brasil.
Falta de combustível na Argentina virou tema da campanha
No primeiro turno, realizado em 22 de outubro, Massa liderou a votação, com 36% de preferência. Milei teve 30% e Patricia Bullrich, 23%. Com isso, uma das grandes questões do segundo turno é como os eleitores de Bullrich votarão nesta nova rodada.
Bullrich declarou apoio a Milei, que também foi endossado pelo ex-presidente Mauricio Macri (2015-19). Apesar dos apoios de peso, no entanto, o partido Juntos por el Cambio não aderiu por completo a Milei e vive um racha interno.
Milei precisa conquistar os eleitores de Bullrich para chegar à Presidência. Na prática, ele não conseguiu conquistar novos eleitores entre as primárias, em agosto, e a votação do primeiro turno: ficou com cerca de 30% de preferência nos dois pleitos. O candidato ultraliberal tem buscado atacar Massa e colocá-lo como um dos culpados da crise argentina. "Nesta eleição, ha duas alternativas: a certeza de continuar por esse rumo empobrecido que Massa e seu governo representam, ou a oportunidade de mudar para voltar a abraçar ideias que fizeram grande este país", postou o deputado nesta quarta.
Massa, que também busca conquistar parte do eleitorado de Bullrich, teve de lidar com uma crise de falta de combustíveis, já que também integra o governo atual, e vai avançando em formas de atacar Milei, como tentar mostrá-lo como uma pessoa explosiva e despreparada.
O ministro também tem atacado a aliança de Macri e Milei. "Acumularam dois setores da oposição e repartiram cargos", disse, em uma entrevista. Massa também criticou Macri feito pelo acordo com o FMI que ele fechou quando era presidente e que ainda está sendo pago. "Neste ano se pagaram 12 bilhões de dolares da dívida. É uma âncora para nossa economia, e 66% desse empréstimo foi para financiar os apostadores financeiros. Ele tem que dar explicações", disse Massa. "Timba", cuja tradição literal é jogo de azar, virou uma forma pejorativa de se referir aos agentes financeiros que conseguem lucros com base nas variações bruscas da economia argentina.
O próximo grande ato da campanha será em 12 de novembro, com um debate na TV entre Massa e Milei, em que eles poderão se enfrentar diretamente em público. A votação ocorre uma semana depois, no dia 19, e a posse do novo presidente está prevista para 10 de dezembro.