O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, depõe nesta quinta-feira à CPI do MST. A oitiva ocorre depois de Fávaro ter avisado, na terça-feira, que não participaria da sessão do colegiado, com recuo posterior. Relator da comissão, o deputado Ricardo Salles (Novo-SP) chegou a chamar Fávaro de "fujão" em um post nas redes sociais.
A decisão de participar foi comunicada pelo próprio ministro por telefone ao presidente da CPI, o deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS). Ao justificar a ausência, Fávaro chegou a citar uma "extensa agenda". O ministro não informou, contudo, o que o fez mudar de ideia e decidir participar da sessão desta quinta-feira.
Na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anulou a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, à CPI do MST. A medida foi tomada horas antes do previsto para o início do depoimento.
Na decisão que impediu o depoimento, Lira afirmou que “não se demonstrou no requerimento a conexão entre as atribuições do Ministro da Casa Civil da Presidência da República e os fatos investigados pela CPI sobre o MST”. A medida foi tomada a partir de uma reclamação apresentada pelo deputado governista Nilto Tatto (PT-SP).
Em outra frente de ação, partidos como Republicanos, que também negocia ministérios com o Palácio do Planalto, decidiram desligar da comissão os deputados alinhados ao bolsonarismo. Diante dos dois movimentos, a cúpula da CPI desistiu de pedir a prorrogação de seus trabalhos por mais 60 dias.
Numa reação às recentes baixas da CPI, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion (PP-PR), e o presidente da comissão foram recebidos nesta quarta por Lira, em sua residência oficial. Ambos pressionaram pela prorrogação dos trabalhos do colegiado e a volta dos deputados que deixaram seus postos no colegiado após a movimentação do governo.
Segundo Lupion, o presidente da Câmara prometeu recompor os quadros da comissão com opositores ao governo. Questionado pelo GLOBO, Lira não retornou para falar sobre o assunto.
Ao GLOBO, o líder da bancada ruralista disse contar com o apoio do presidente da Câmara. Após esvaziamento promovido por partidos Centrão, que negociam a entrada no governo em reforma ministerial, houve o cancelamento de convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Além disso, Zucco chegou a declarar que os parlamentares desistiriam da prorrogação da CPI.