Lideranças da Câmara dos Deputados decidiram cancelar a reunião prevista para a noite desta segunda-feira para discutir o novo arcabouço fiscal. A reunião ocorreria na casa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e foi cancela depois de o ministro da Economia, Fernando Haddad, dizer que a Câmara dos Deputados tem um poder muito grande e que é preciso construir moderação em relação a outros Poderes.
"O fato é que estamos conseguindo encontrar caminho. Não está fácil, não pense que está fácil. A Câmara está com um poder muito grande e ela não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo. Mas, de fato, ela está com um poder que eu nunca vi na minha vida", disse o ministro, em podcast divulgado nesta segunda-feira e gravado na sexta-feira.
O motivo do cancelamento da reunião foi confirmado por líderes partidários e aliados de Lira. Líderes estranharam declaração de Haddad sobre poder da Câmara e ressaltaram que sempre tiveram boa vontade com a Fazenda.
Ao comentar a própria fala, Haddad disse que a fala não se referia à atual legislatura.
"As minhas reclamações foram tomadas como críticas à atual legislação, estava falando do fim do presidencialismo de coalizão. Tudo o que eu tenho feito é dividir com o Congresso e Judiciário as conquistas".
Seguindo o ministro, ele conversou com o presidente da Câmara para tratar do assunto.
"Até falei com Lira, fiz questão de ligar para que isso fosse esclarecido", completou Haddad.
Na visão do Ministério da Fazenda, o cancelamento não ocorreu por conta da fala de Haddad. O líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu (PT-PR), também negou que a declaração tenha tido influência.
"Não acho que a fala do ministro pegou mal", disse Dirceu.
Líderes na Câmara afirmaram ao "O Globo", sob reserva, que a fala gerou ruído entre os deputados e avaliaram que seria melhor remarcar o encontro. Nesta terça-feira, os líderes se encontrarão com Lira para discutir o arcabouço fiscal. A presença de Haddad, porém, ainda não foi confirmada