O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o presidente chileno, Gabriel Boric, que pediu mais firmeza de países latino-americanos sobre a Rússia em documento final da cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) – União Europeia.
Lula afirmou que Boric é um “jovem sequioso e apressado” e que não tem costume de participar de cúpulas internacionais.
“Eu não tenho porque concordar com o Boric, é uma visão dele. Eu acho que a reunião foi extraordinária. Foi extraordinária a reunião. Possivelmente, a falta de costume de participar dessas reuniões faz com que um jovem seja mais sequioso e mais apressado, mas as coisas não são assim”, afirmou o presidente em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (19), em Bruxelas.
Gabriel Boric, que tem credenciais de esquerda, pediu, na terça-feira (18), que os líderes da Celac fossem mais enfáticos ao condenar a invasão russa contra a Ucrânia.
“Estimados colegas, hoje é a Ucrânia e amanhã pode ser qualquer um de nós. Não duvidemos disso devido à complacência que se pode ter em um momento ou outro com qualquer líder”, disse o presidente chileno na terça-feira.
A cúpula emitiu uma declaração conjunta que traz menção ao confronto no Leste Europeu, mas sem termos hostis à Rússia, e com um asterisco no final, citando que um país não concorda com um parágrafo. Esse país é a Nicarágua e o trecho é relacionado ao conflito.
Lula negou que os líderes que participaram da cúpula ficaram dois dias discutindo os termos que seriam usados para se referir à guerra na Ucrânia. E disse que a cúpula em Bruxelas foi a “mais madura reunião” da qual que já participou.
“Ontem a gente estava discutindo a visão de 60 países. E portanto a gente tem que compreender que nem todo mundo concorda com a gente. Nem todo mundo tem a mesma pressa e visão sobre a mesma coisa. Então eu acho que a reunião foi muito importante”, disse o presidente brasileiro.
Nos bastidores, fontes do governo afirmam que Lula não tem afeição por Boric e considera que o líder de esquerda tem muito o que aprender.
Apesar do temor de líderes europeus de não chegar a um texto final da cúpula por causa das divergências sobre a guerra, os países emitiram um documento, sem a participação da Nicarágua e evitando termos hostis à Rússia.