A equipe de Sabino trabalha com a perspectiva de o deputado assumir o Ministério do Turismo até o fim da próxima semana. A cobrança do partido pela pasta cresceu depois que os ministros responsáveis pela articulação política, Rui Costa (Casa Civil) e Padilha, viraram motivo de insatisfação generalizada na base aliada do Congresso.
O União Brasil intensificou as cobranças pela entrega da pasta também porque Daniela e Waguinho estão de saída do partido. Nascimento diz ter obtido o reconhecimento do governo de que a bancada da sigla na Câmara não foi contemplada com ministérios na formação do governo.
Daniela inclusive recorreu à Justiça Eleitoral para ter o direito de se filiar aos Republicanos sem correr o risco de ter o mandato reivindicado pelo União Brasil. Por isso, ela passou a ser tratada como uma ministra da cota pessoal de Lula - embora tenha sido nomeada no governo com a expectativa de garantir a fidelidade dos parlamentares do partido pelo qual foi eleita, o que não tem ocorrido.
Nesta terça, após participar de audiência na Comissão de Turismo da Câmara, a ministra afirmou lealdade a Lula, embora esteja na berlinda. Ao ser questionada por jornalistas, Daniela negou a possibilidade de desembarcar da base de Lula. "Não, jamais. Nós somos Lula até o fim", disse.
Vinculada ao Turismo, a Embratur também passou a ser cobrada pelos deputados do União Brasil. Hoje a agência responsável pela divulgação do turismo no Brasil e no exterior está sob comando de outro aliado do presidente, o ex-deputado federal Marcelo Freixo, que era do PSOL e migrou para o PT. Freixo passou inclusive a ser procurado por parlamentares da sigla, interessados em apresentar emendas para a autarquia.
Mesmo que consiga a mudança no Turismo e na Embratur, há dúvidas na base aliada se o União Brasil vai entregar mais votos favoráveis ao governo na Câmara. Ao ser questionado sobre a adesão às pautas do governo, Elmar afirmou apenas que o arcabouço fiscal foi aprovado com votos favoráveis de 54 dos 59 deputados da legenda.
O partido tem hoje três ministérios - Turismo, Desenvolvimento Regional e Comunicações -, mas virou o principal foco de dificuldades do governo no Congresso. "Não vou obrigar ninguém a se suicidar. Não posso pedir ao Kim Kataguiri, à Rosângela Moro, ao Felipe Francischini, ao Mendonça Filho, que apoiem pautas do governo do PT", afirmou Elmar.
No processo de acordo do Planalto com o União Brasil, Padilha e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), compareceram na noite desta terça-feira a um jantar com deputados do partido na casa do deputado Marangoni (União Brasil-SP), também com a presença de outros líderes do Centrão.