As invasões promovidas pelo MST durante o abril vermelho, que incluiu uma área da Embrapa em Pernambuco, provocaram descontentamento no Palácio do Planalto. O receio principal é que o relator crie uma narrativa para criminalizar o movimento. As ocupações promovidas pelo MST neste início de ano têm gerado mobilização negativa contra o governo Lula nas redes sociais.
Em outra frente, os sem-terra tentaram recorrer à Justiça para barrar a CPI com a alegação de falta de objeto específico. O argumento foi de que o requerimento pede a investigação do movimento em si, e não de uma ação específica praticada.
Líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR) anunciou os nomes escolhidos pelo partido para duelar com bolsonaristas na CPI do MST: Padre João (MG), Nilto Tatto (SP), Valmir Assunção (BA), Paulão (AL), Gleisi Hoffmann (PR), João Daniel (SE), Dionilso Marcon (RS) e Camila Jara (MS) foram os designados.
Dos nomes citados, Marcon, Assunção e Daniel são nomes ligados diretamente ao MST. Marcon é agricultor assentado da Reforma Agrária. Iniciou sua trajetória política em 1987 como membro da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, foi acampado por 4 anos, fez parte da direção do MST e assentado em 1994. Valmir Assunção, por sua vez, participou das primeiras lutas do MST na Bahia, contribuindo no trabalho de base, organização das famílias e ocupação de latifúndios. Em sua descrição no Twitter, João Daniel se descreve como "militante do MST".
Em entrevista, Zeca Dirceu afirmou que a atuação do grupo buscará dissociar a imagem do Movimento Sem Terra de atos ilícitos e desrespeitos ao direito à propriedade privada.
"Infelizmente a oposição tenta manchar o nome do MST e da sua luta pela reforma agrária e da luta pela terra. Nosso trabalho será transformar esta CPI equivocada em uma CPI da verdade, que acabe com esta perseguição. Nem o MST, nem a nossa bancada discorda do direito à propriedade privada. Mas, a verdade precisa ser mostrada", disse.