Cid é um dos suspeitos presos na operação de 3 de maio. O depoimento dele está previsto para a quinta-feira. Aliados de Bolsonaro têm dito que o ex-ajudante de ordens deverá assumir a culpa pelas fraudes nos cartões de vacinação. A PF sustenta na investigação, contudo, que os indícios colhidos apontam para a participação de Bolsonaro no crime, pois ele teria conhecimento da inserção dos dados falsos e seria um beneficiário dela.
Outro depoimento previsto para hoje é o do coronel Marcelo Costa Câmara, que continuou como assessor do ex-presidente após o fim do mandato. A oitiva dele é importante porque uma troca do e-mail de acesso à conta de Bolsonaro no aplicativo ConecteSUS, usado para emitir o certificado de vacinação, é um dos principais indícios, segundo a PF, de que Cid não agiu sozinho.
Segundo a apuração, o login de Bolsonaro no ConecteSUS estava associado ao e-mail de Cid até o dia 22 de dezembro do ano passado. Naquela data, foi gerado um certificado de vacinação do então mandatário com o registro falso de duas doses da vacina da Pfizer. Minutos depois, o e-mail de login foi alterado para o do coronel Câmara.
A mudança se deu, de acordo com a PF, porque Cid estava prestes a deixar a função de ajudante de ordens de Bolsonaro. A partir de 1º de janeiro deste ano, o ex-presidente passaria a ser assessorado por oito auxiliares, sendo um deles o coronel Câmara, homem de confiança do ex-mandatário que viajaria com ele para a Flórida.
Ainda de acordo com a PF, a alteração cadastral foi feita a partir da conexão de rede do Palácio do Planalto, outro indício de que Bolsonaro sabia da fraude. Essas deverão ser algumas das perguntas que o ex-presidente terá que responder no depoimento. Quando o caso veio à tona, ele disse que não participou de nenhuma fraude. "Não existe adulteração da minha parte. Não tomei a vacina. Ponto final", declarou no começo do mês.