Em mensagens apreendidas pela Polícia Federal nesta quarta-feira (3), o ex-capitão do Exército Ailton Barros afirmou saber quem seria o mandante da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), ocorrida em 2018 e até hoje sem solução.
Ele foi preso hoje em operação da PF que apura esquema de falsificação de dados de vacinação contra Covid-19 envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
O conteúdo da mensagem foi reportado aos delegados da PF no Rio que investigam o caso Marielle há algumas semanas, mas não impactou o rumo da apuração. Nas conversas, ele não diz quem seria o suposto mandante do crime.
A PF tem se debruçado na recuperação de pistas levantadas ao longo dos últimos cinco anos de apurações pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio e, de acordo com apuração da CNN, já recebeu outros relatos — que depois se provaram falsos — de pessoas que supostamente teriam conhecimento sobre quem mandou matar Marielle.
Ailton aparece nas mensagens que foram a base da operação da PF como um elo entre o ex-vereador carioca Marcelo Siciliano, alvo de busca e apreensão nesta quarta-feira, e o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro.
Siciliano teria sido procurado por Cid para que ele conseguisse um cartão de vacinação adulterado para sua esposa.
Em troca, o ex-vereador pediu auxílio para resolver problemas para conseguir visto de entrada nos Estados Unidos, prejudicado pelo fato de Siciliano ter sido citado e investigado por envolvimento na morte de Marielle.
É nesse contexto que Ailton Barros foi procurado e disse aos seus interlocutores que sabia quem havia mandado matar Marielle.
Ailton Barros foi apresentado na campanha de 2022 como o “01 do Bolsonaro” e teve quase 7 mil votos para deputado estadual no Rio e não foi eleito.
Não foi a primeira vez que ele tentou se eleger: em 2006, Ailton se lançou candidato à Câmara dos Deputados, mas desistiu e renunciou à candidatura após reportagens mostrarem envolvimento dele em um suposto acordo do Exército com o Comando Vermelho para recuperação de armas em uma favela do Rio. Ele foi expulso do Exército por conta do episódio.