No fim da semana, estão programadas ainda visitas técnicas da missão empresarial na China, entre os dias 28 e 30 de março. Estão previstas visitas a empresas como:
Lula fica na China até o dia 31 de março, e estará ao lado de ministros como o chefe da Fazenda, Fernando Haddad, e da Agricultura, Carlos Fávaro. É a terceira viagem à China do presidente brasileiro, que já visitou o país em 2004 e 2009, quando o mandatário era ainda o ex-presidente Hu Jintao.
Na agenda principal de Lula, divulgada pelo Planalto, estão previstos encontros com autoridades políticas chinesas e assinatura de pelo menos 20 acordos com o governo chinês.
Na terça-feira, 28, acontece o ponto alto da viagem, com um encontro entre Lula e o atual presidente chinês, Xi Jinping. Lula também se encontra com o primeiro-ministro da China, Li Qiang, e o presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji.
"A pauta bilateral irá envolver comércio, investimentos, reindustrialização, transição energética, mudanças climáticas, acordos de cooperação e paz", disse o Planalto em nota.
Lula será o primeiro chefe de Estado recebido por Xi Jinping desde que o presidente chinês foi reeleito para um terceiro mandato pelo Parlamento do país, em março. Dias antes de receber Lula, Xi estava em viagem à Rússia, sua primeira após a reeleição, onde se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin — em uma viagem que levantou questionamentos de potências do Ocidente.
Durante a semana, Lula também participa de algumas das agendas com empresários, organizadas pelo MDIC e associações empresariais presentes na viagem.
Na quinta-feira, 30, o presidente brasileiro viaja da capital Pequim até Xangai, para visitar o Novo Banco de Desenvolvimento. A instituição foi criada pelos países dos Brics (grupo que inclui Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul), com o objetivo de fomentar projetos nos países em desenvolvimento.
Ao todo, mais de 200 representantes de 140 setores da economia brasileira estarão na delegação brasileira que visita a China. O Planato informou que os custos da viagem são pagos pelas empresas individualmente.
Na lista de representantes estão infraestrutura, bancos, agronegócio, proteína animal, setor de alimentos, roupas e calçados, além de inovação digital, segundo apurou o Estadão. Constam entre as empresas na comitiva nomes como JBS e Marfrig, que atuam na exportação de carne para a China, Vale, de quem a China é ampla compradora de minérios, a Embraer, de aeronaves, a Suzano, de papel e celulose, além de bancos como Bradesco e Marka.
A China é a maior parceira comercial do Brasil desde 2009.
Desde a primeira visita de Lula, em 2004, o volume comercializado entre os dois países aumentou em 21 vezes, chegando a US$ 150,4 bilhões no ano passado.
Em 2022, o Brasil vendeu à China US$ 89,7 bilhões em produtos brasileiros, o equivalente a 27% das exportações nacionais. Os produtos mais vendidos pelo Brasil à China foram soja (36% do total), minério de ferro (20%) e óleos brutos de petróleo (18%), de acordo com dados do MDIC.
O Brasil, por sua vez, comprou US$ 60,7 bilhões em produtos chineses. Enquanto as vendas do Brasil estão concentradas na agropecuária e indústria extrativa, as compras brasileiras dos chineses se resumem a produtos da indústria da transformação, com liderança de válvulos e tubos termiônicos (11%), alguns tipos de compostos e ácidos (8%) e equipamentos de telecomunicações (7%).
Às vésperas da visita de Lula e da comitiva brasileira, um dos destaques foi a autorização para retorno da venda de carne brasileira à China, após 29 dias de suspensão. A paralisação havia ocorrido por autoembargo do Brasil em virtude das preocupações sobre o chamado "mal da vaca louca". Autoridades sanitárias anunciaram nesta quinta-feira, 23, que as medidas de prevenção do Brasil estão em conformidade com as regras de quarentena locais.
Em 2 de março, houve confirmação de que a doença detectada em um animal no Pará ocorreu de forma espontânea, isto é, sem risco de disseminação. A comprovação, somada à missão de uma equipe do Ministério da Agricultura que está na China nesta semana, antes da viagem presidencial, abriu caminho para a retomada. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, comemorou a reabertura pelas redes sociais e declarou que a volta das vendas de carne abre caminho para outras autorizações para o Brasil.
Só em carne bovina congelada ou refrigerada, o Brasil vendeu aos chineses US$ 8 bilhões em 2022, quase 9% de todas as exportações do país. O valor foi o dobro do que havia sido comercializado no ano anterior.