O chefe do Executivo tem defendido mediação política para impedir a escalada do conflito entre os dois países. Em 24 de fevereiro, Zelensky disse que esperava conversar com Lula "em breve". Zelensky comentou que acha importante o apoio do Brasil para o lado ucraniano, na expectativa de que Lula possa ser "uma ponte para poder conversar com mais países da América Latina".
Mais cedo, o chanceler russo, Sergei Lavrov, confirmou uma visita ao Brasil em abril após se reunir com o chanceler Mauro Vieira durante a cúpula do G-20 na Índia. A visita ocorrerá depois de a Rússia dar sinais positivos à proposta do Brasil de criar um grupo de países para pôr fim ao conflito.
De acordo com a chancelaria brasileira, os diplomatas repassaram os principais temas da agenda bilateral entre os países e da agenda multilateral compartilhada, incluindo a situação atual e as perspectivas da guerra na Ucrânia. Este foi o primeiro encontro entre os chanceleres desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência do Brasil.
Desde o início do governo Lula, o Itamaraty tenta se equilibrar na posição de neutralidade no conflito e lançar-se diplomaticamente como intermediador de um plano de paz. A nova linha de política externa tem desagradado americanos, europeus e ucranianos.
Desde a posse, Lula tem defendido o fim da guerra, que completou um ano em fevereiro. No ano passado, em maio, antes da campanha eleitoral, o então pré-candidato chegou a dizer que tanto Vladimir Putin quanto Volodymyr Zelensky eram responsáveis pelo conflito. Com sua chegada ao Planalto, no entanto, o petista alterou o discurso e passou a responsabilizar Putin pela invasão.
A perspectiva de um final do conflito, no entanto, segue longe da realidade. Após um rápido avanço russo no começo da guerra e um contra-ataque eficaz da Ucrânia nos últimos meses de 2022, a guerra na Ucrânia vive um estágio de estagnação, com tropas russas e ucranianas sem avanços claros nas últimas semanas.
Na visita ao presidente americano, Joe Biden, no começo do mês, Lula sugeriu a criação de um grupo de países para negociar o fim do conflito. A Casa Branca, no entanto, evitou comprometer-se com a proposta, apesar de ambos concordarem com a necessidade de uma paz duradoura na região.
Sugestões vagas de negociações de paz não são incomuns no conflito ucraniano. Em dezembro, Putin se disse disposto a negociar "soluções aceitáveis" para o fim do conflito, que incluiriam a manutenção das quatro províncias ocupadas por tropas russas.
Semanas antes foi a vez da Rússia rejeitar uma oferta ucraniana que incluía a retirada de tropas de seu território. No começo da guerra, Putin também rejeitou uma oferta de paz de Zelenski por julgar que obteria condições mais vantajosas no campo de batalha.
Durante o contato por vídeo feito pelos líderes, Zelensky convidou Lula a visitar o país, e o presidente disse que atenderá o convite em "momento adequado".
"O presidente Zelensky lembrou que Lula já esteve em seu país (em 2004 e 2009), e convidou Lula para uma visita a Kiev. Lula manifestou disposição em atender o convite em um momento adequado, e retribuiu o convite, com o desejo que o retorno da paz facilite esses encontros", diz nota divulgada pelo Palácio do Planalto, na tarde de hoje. De acordo com a nota, Lula reiterou disposição de participar de qualquer esforço para reunir um grupo de nações capaz de conversar com ambos os lados do conflito.
O chefe do Executivo brasileiro ressaltou que o País "defende a integridade da Ucrânia". "Lula Citou ainda conversas com os líderes da França, Alemanha e EUA nesse sentido e sua disposição de conversar igualmente com a China em sua visita a Pequim e também de conversar com a Rússia", declara. "Os dois líderes ficaram de conversar novamente em um futuro próximo", finaliza a nota.
Em encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no início de fevereiro, Lula defendeu a criação de um "clube da paz" com países que não estão envolvidos na guerra da Ucrânia, para colocar um fim ao conflito. No final de março, o presidente brasileiro deve ir à China e, em reunião bilateral com o presidente do país asiático, Xi Jinping, prevista para o dia 28, vai pedir a participação de Pequim - hoje aliada de Moscou - na negociação de paz.