Das 184 secretarias que existem hoje nos ministérios da terceira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 58 seguem vazias. A maioria à espera da resolução de disputas políticas entre partidos da base aliada e o centrão.
Ao menos outras cem diretorias e departamentos abaixo disso também estão sem um responsável nomeado. Os dados são de um levantamento feito pela consultoria Ética Inteligência Política e obtidos pela CNN.
O governo se depara com a necessidade de abrigar indicações de legendas que participaram da coalizão que ajudou a eleger Lula no segundo turno e que, depois, votaram a favor da aprovação de medidas de interesse do governo, como a PEC do Estouro ou a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado.
Assim, as nomeações para secretarias executivas e outros órgãos dentro da Esplanada seguem reservadas para o varejo político, a espera de que Lula e o PT consigam conciliar a própria vontade com o apetite do Congresso Nacional.
Segundo apurou a CNN, os nomes escolhidos para ocupar esse postos precisam passar por um crivo que investiga eventuais problemas legais dos indicados. A averiguação, que antigamente se restringia à busca por possíveis desvios de conduta, agora inclui também a avaliação da presença em redes sociais, para a checagem de preferências políticas dos candidatos.
O exemplo mais gritante é o do Ministério das Relações Exteriores, onde nenhuma das dez secretarias teve a nomeação publicada no Diário Oficial. No Ministério de Ciência e Tecnologia, as quatro secretarias existentes também estão vagas.
O Ministério de Minas e Energia, comandado por Alexandre Silveira, do PSD, e o dos Transportes, de Renan Filho, do MDB, seguem sem secretários-executivos nomeados, travando a liberação de verbas e o andamento de projetos.
Uma das principais bandeiras do governo Lula, a pauta ambiental segue em compasso de espera por também por conta dessas disputas. No Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva nomeou até aqui somente uma das sete secretarias possíveis, sendo a responsável pelos povos e comunidades tradicionais. Órgãos que cuidam de temas como biodiversidade, mudança do clima, desmatamento e bioeconomia seguem sem ninguém.
O compasso de espera do governo nas nomeações contrasta com diretriz dada pelo próprio Lula durante a primeira reunião do conselho político do governo, no começo de fevereiro, o presidente cobrou de seus ministros a liberação das indicações para os cargos de segundo escalão.