Como \'tarifaço\' de Trump pode ser oportunidade para a China ampliar poder e influência no mundo
Publicada em 04/02/25 às 09:34h - 7 visualizações
por Kativa FM \\ BBC
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Donald Trump e Xi Jinping em 2019 (Foto: Kativa FM \\ BBC)
Se a China está brava com os Estados Unidos por impor uma tarifa extra de 10% sobre todos os produtos chineses, ela está fazendo um bom trabalho em esconder isso.
Canadá e México reagiram de maneira imediata e mais contundente que a China ao anúncio de aumento de tarifas a seus produtos pelo presidente americano, Donald Trump.
O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau disse que seu país "não iria recuar" ao anunciar uma taxa de 25% sobre US$ 155 bilhões em produtos americanos. E a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, havia anunciado tarifas no mesmo patamar a produtos americanos.
Os dois acabaram negociando com Trump e prometendo reforçar suas fronteiras com os EUA em troca de uma pausa de 30 dias sobre a elevação das tarifas.
Pequim, no entanto, conteve seu fogo até esta terça (04), quando anunciou tarifas de 15% sobre carvão e gás natural americano. E de 10% obre óleo cru e veículos como maquinário de agricultura e caminhonetes. A China ainda anunciou uma investigação anti-monopólio do Google. E incluiu algumas empresas americanas, como a Calvin Klein, na sua lista de entidades não confiáveis.
Desde o primeiro mandato de Trump, quando ele impôs também uma série de tarifas sobre produtos chineses, que o governo chinês busca diversificar ainda mais parcerias comerciais.
A economia chinesa atualmente não é tão dependente dos EUA como era naquela época. Pequim fortaleceu seus acordos comerciais na África, América do Sul e Sudeste Asiático. Agora é o maior parceiro comercial de mais de 120 países.
Os 10% adicionais podem não oferecer a alavancagem que Trump quer, diz Chong Ja Ian do centro de estudos Carnegie China.
"A China vai pensar que provavelmente pode suportar 10% — portanto, acho que Pequim está se mantendo calma. Porque se não for um grande problema, não há razão para começar uma briga com o governo Trump, a menos que haja um benefício real para Pequim."
Oportunidade para a China?
O presidente Xi Jinping também pode ter outro motivo: talvez ele veja uma oportunidade aqui.
Trump está semeando divisão em seu próprio quintal, ameaçando atingir até mesmo a União Europeia (UE) com tarifas — tudo em sua primeira semana de governo. Suas ações podem fazer com que outros aliados dos EUA se perguntem o que os espera.
Em contraste, a China vai querer parecer um parceiro comercial global calmo, estável e talvez mais atraente.
"A política de Trump, de colocar a América em primeiro lugar, trará desafios e ameaças a quase todos os países do mundo", diz Yun Sun, diretor do programa China no centro de pesquisas Stimson Centre.
"Da perspectiva da competição estratégica EUA-China, uma deterioração da liderança e credibilidade dos EUA beneficiará a China. É improvável que isso se torne bom para a China no nível bilateral, mas Pequim certamente tentará fazer uma limonada."
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