O lugar habitado mais remoto do mundo é uma ilha distante localizada no meio do oceano Atlântico sul, a qual certamente pouca gente ouviu falar. Trata-se de Tristão da Cunha, um território britânico ultramarino que integra um arquipélago de mesmo nome composto por outras seis pequenas ilhas, de acordo com o site oficial do lugar.
Além da própria Tristão da Cunha (onde vivem os poucos moradores de todo o arquipélago), formam parte do conjunto de ilhas a de Nightingale; a ilha chamada Inacessível; a de Gonçalo Álvares (ou ilha Gough); a ilha do Meio e a de Stoltenhoff, detalha a fonte governamental.
Todo esse arquipélago é governado pela ilha de Santa Helena, o “maior” território britânico povoado próximo (a cerca de 2.430 quilômetros de distância), e o qual, no passado, se tornou o último lugar onde o imperador Napoleão Bonaparte viveu antes de sua morte.
Para saber mais, National Geographic reuniu alguns destaques desse destino remoto: descubra exatamente onde a ilha de Tristão da Cunha está localizada e outras curiosidades sobre esse local tão inóspito.
Turistas fazem uma caminhada descendo um trecho de montanha conhecido como Goat Ridge na ilha de Tristão da da Cunha.
A ilha de Tristão da Cunha está localizada no oceano Atlântico, entre os extremos sul da América do Sul e da África. Exatamente a 2.816 quilômetros da África do Sul e a 3.360 quilômetros da América do Sul.
Ela e seu arquipélago só podem ser alcançados por meio de uma viagem de barco de sete dias a partir da Cidade do Cabo, na África do Sul. Os suprimentos para os moradores locais também chegam à ilha por esse caminho.
Além de ser um local remoto, esse lugar é conhecido por seu pequeno tamanho. Tristão da Cunha tem apenas 98 km² e juntamente com as outras ilhas, o território do arquipélago de Tristão da Cunha tem uma área total de 128 km², de acordo com o site sobre o local.
A título de comparação, algumas capitais de países latino-americanos são bem maiores que a área de superfície da ilha. Por exemplo, Bogotá, na Colômbia, possui um tamanho de 1.776 km²; já São Paulo, no Brasil, tem 1.523 km²; enquanto a Cidade do México ocupa 1.494 km² e Buenos Aires, na Argentina, tem 200 km².
A pequena cidade Edimburgo dos Sete Mares é considerada a “capital” da ilha, sendo, no entanto, quase um vilarejo. É nela que se concentram os moradores da ilha – na parte noroeste do território.
Muitas vezes, o vilarejo é chamado simplesmente de Edimburgo, uma situação que causou alguns problemas com os correios no passado, pois foi confundida com a cidade escocesa, conta a fonte oficial do lugar.
Apenas 275 pessoas – cerca de 80 famílias – vivem na ilha de Tristão da Cunha, segundo o site oficial do lugar. Uma outra curiosidade sobre isso é que essa pequena população compartilha apenas sete sobrenomes entre os habitantes. São eles: Glass, Green, Hagan, Lavarello, Repetto, Rogers e Swain.
Segundo a fonte oficial do território, essa quantidade de pessoas não deve mudar nos próximos anos pois é preciso permissão para viver no local e nenhum novo residente recebeu permissão para se estabelecer.
Outro ponto curioso sobre esse território é o fato de que ele possui apenas um médico residente e cinco enfermeiros vivendo por lá. Por esse motivo, em caso de emergência médica, ferimentos graves ou doenças crônicas, os habitantes são tratados na Cidade do Cabo, na África do Sul.
A história da descoberta da ilha remota está ligada ao seu nome. Afinal, foi o explorador e marinheiro português Tristão da Cunha a primeira pessoa a avistar o arquipélago em 1506. No entanto, ele não conseguiu chegar até a ilha em questão naquela época devido a dificuldades de acesso. Mesmo assim, ele batizou o lugar de “Ilha de Tristão da Cunha”.
“O primeiro colono permanente de Tristão da Cunha foi um norte-americano chamado Jonathan Lambert, que chegou no final de 1810. Ele se autodenominou governante das ilhas e rebatizou o arquipélago como "Ilhas do Refresco” (Islands of Refreshment), conta o site local. “No entanto, este colono morreu em um acidente de barco apenas dois anos depois e as ilhas voltaram a ser conhecidas como Tristão da Cunha”, continua a fonte.
Tristão da Cunha aparece nesta imagem fotografada da Estação Espacial Internacional. Ela mostra o cone central do vulcão, localizado no centro da ilha. A última erupção conhecida ocorreu entre 1961 e 1962, e forçou a evacuação dos moradores.
A ilha habitada mais remota do mundo é um território vulcânico. Dados da Nasa (a agência espacial norte-americana) revelam que o ponto mais alto de Tristão da Cunha é o pico Queen Mary, que atinge 2060 metros acima do nível do mar.
Já uma erupção vulcânica em 1961 ameaçou diretamente o vilarejo da ilha. Como resultado, os habitantes da época foram evacuados para a Inglaterra através da Ilha Nightingale. Dois anos depois, a maioria dos habitantes retornou à Tristão da Cunha.
“A ilha vulcânica habitada e seu arquipélago são um ponto de acesso à biodiversidade endêmica, tanto em terra quanto no mar”, diz um artigo da National Geographic dos Estados Unidos.
A vida selvagem encontrada em Tristão da Cunha inclui tubarões-azuis (Prionace glauca), baleias-francas (Eubalaena australis) e tubarões-mako (Isurus oxyrinchus), bem como cachalotes (Physeter macrocephalus), elefantes-marinhos, pinguins e outras aves.