Crescentes tensões e novos riscos
As declarações de Putin são vistas como uma resposta ao crescente lobby ucraniano junto aos países ocidentais por mísseis de longo alcance, como os ATACMS dos EUA e Storm Shadows britânicos. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, tem defendido esses armamentos para fortalecer a defesa de seu país. No entanto, Putin já havia indicado anteriormente que o uso desses mísseis pela Ucrânia, com o suporte logístico ocidental, seria interpretado como um passo em direção ao uso de armas nucleares pela Rússia.
Embora o Ocidente tenha reagido rapidamente às ameaças de Putin, muitos analistas, inclusive na Ucrânia, acreditam que o presidente russo esteja apenas exercendo pressão psicológica para desestimular o fornecimento de armamentos avançados aos ucranianos. Essa postura, no entanto, não diminui a gravidade do contexto, uma vez que qualquer ação que leve a uma escalada pode ter consequências desastrosas para a região e para o mundo.
Líderes dos EUA e de países europeus, como o secretário de Estado americano Antony Blinken, têm condenado os alertas de Putin, classificando-os como irresponsáveis. Analistas políticos também destacam que, apesar da retórica agressiva, não há sinais imediatos de preparativos russos para o uso de armas nucleares. A ausência de movimentação de ogivas ou a preparação de sistemas de entrega para um ataque tático sugere que as ameaças de Putin, por ora, permanecem no campo da retórica.
Mudança na doutrina nuclear russa
As mudanças na doutrina nuclear russa representam um endurecimento da postura de Moscou. Putin, em um discurso divulgado em vídeo, afirmou que o uso de armas nucleares continua sendo uma medida extrema, mas que a Rússia precisaria responder a qualquer ameaça que comprometesse sua soberania. Essa nova diretriz inclui a possibilidade de uso de armas nucleares caso a Rússia seja alvo de ataques convencionais significativos que coloquem em risco sua integridade territorial.
A doutrina nuclear revisada agora cobre também Belarus, vizinho e aliado próximo da Rússia, expandindo a proteção nuclear da Rússia para além de suas fronteiras. Isso sugere que qualquer ataque à Belarus, considerado parte do pacto militar entre os dois países, poderia ser considerado uma provocação passível de resposta nuclear. Essa nova posição endurece ainda mais as relações já tensas entre Moscou e os países ocidentais, que continuam a apoiar militarmente a Ucrânia.