Maduro afirmou que o WhatsApp está sendo usado para ameaçar militares, policiais, líderes comunitários e todos que não se declaram favoráveis ao que ele chama de fascismo. No domingo, ele também mencionou que o TikTok e o Instagram estavam sendo utilizados para promover o que chamou de "ódio", prometendo regulamentar o uso dessas plataformas.
Essa ofensiva contra as redes sociais acontece em meio a uma onda de repressão conduzida pelo regime de Maduro contra qualquer resistência à sua autoproclamada vitória nas eleições presidenciais. O presidente venezuelano tem repetidamente se referido à líder da oposição María Corina Machado e ao seu candidato substituto, Edmundo González, como "fascistas".
Maduro solicitou ao Supremo Tribunal da Venezuela que revisasse os resultados das eleições. Na segunda-feira, 5, o chefe da autoridade eleitoral, Elvis Amoroso, entregou a documentação eleitoral, conforme transmitido pela televisão estatal. Nenhuma menção foi feita sobre se os documentos incluíam as contagens detalhadas dos votos, como as divulgadas pela oposição. Ainda na segunda-feira, o Procurador-Geral Tarek William Saab anunciou a abertura de uma investigação contra María Corina Machado e Edmundo González, depois que ambos publicaram uma declaração pedindo que militares e policiais se posicionassem ao lado do povo.
A solicitação de Maduro para que os venezuelanos abandonem o WhatsApp representa uma mudança rápida de postura, já que ele havia utilizado as redes sociais para suavizar sua imagem antes das eleições de 28 de julho. A última mensagem compartilhada por Maduro no WhatsApp foi em 30 de julho, quando declarou que "o povo saiu às ruas contra a violência e o fascismo. Deus está conosco. A paz vencerá".
Maduro afirmou que as forças de segurança já prenderam mais de 2 mil pessoas até o momento, como parte da repressão aos protestos.
Contexto
A eleição na Venezuela, realizada em 28 de julho de 2024, tem sido alvo de intensas controvérsias e acusações de fraude. Nicolás Maduro, que está no poder desde 2013, foi declarado vencedor com 51% dos votos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o que provocou uma reação imediata da oposição e de vários países ao redor do mundo. A oposição, liderada por Edmundo González, afirma que uma contagem independente mostra que ele obteve 67% dos votos, o que contradiz os resultados oficiais.
A comunidade internacional, incluindo países da América Latina e da Europa, tem pressionado o governo venezuelano para que publique os registros eleitorais completos, a fim de garantir a transparência e a legitimidade do processo eleitoral. O atraso na divulgação dos registros e a falta de clareza sobre os resultados aumentaram as tensões dentro do país, levando a um aumento das manifestações e protestos em várias cidades venezuelanas.
A situação na Venezuela está sendo monitorada de perto por organizações internacionais e governos ao redor do mundo, que têm expressado preocupações sobre a integridade do processo eleitoral e a possível repressão contra a oposição e os manifestantes. As próximas semanas serão cruciais para o futuro político do país, com a possibilidade de sanções internacionais e mais pressões diplomáticas caso não haja avanços na resolução das controvérsias eleitorais.