Em todos os continentes, refugiados e imigrantes arriscam-se diariamente para chegar ao destino em que depositam suas esperanças de conseguir um futuro melhor.
Uma das rotas mais perigosas para eles está justamente nas Américas: a selva de Darién, também conhecida como Tampão de Darién. Trata-se de uma área que conecta a América do Sul com a América Central, localizando-se entre os territórios da Colômbia e do Panamá.
Justamente por sua localização, a selva de Darién é considerada um trecho estratégico para aqueles que sonham em chegar aos Estados Unidos e lá construir uma nova vida.
Mas, afinal, o que faz de Darién uma rota tão perigosa? Entenda abaixo.
A selva de Darién possui 5 mil quilômetros quadrados de matas tropicais, montanhas íngremes e rios, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas Para os Refugiados (Acnur).
Sem dinheiro para arcar com os custos de passagens aéreas, hospedagens e documentações, refugiados e imigrantes arriscam suas vidas em meio à vegetação densa Darién, que acaba servindo de rota alternativa.
A travessia chega a durar dez dias ou mais, segundo o Acnur. Percorrendo o trajeto a pé ou em meios de transporte pouco seguros (embarcações de madeira, por exemplo), as pessoas ficam vulneráveis a temperaturas de até 35º C, à desidratação, a doenças (como dengue e malária), a ataques de animais selvagens e a afogamentos nas correntezas dos rios.
O Acnur relata que é comum que esses indivíduos cheguem a comunidades indígenas remotas exauridos e necessitando de atendimento médico.
No entanto, o Tampão de Darién possui também perigos que vão além da natureza. A região tornou-se local de atuação de grupos criminosos conhecidos por cometerem atos de violência, incluindo abuso sexual, roubos e tráfico de pessoas.
Em abril de 2023, o Acnur e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) emitiram um comunicado alertando para o preocupante aumento de pessoas cruzando a selva de Darién.
De acordo com o comunicado, mais de 100 mil indivíduos atravessaram a selva nos primeiros meses de 2023 (seis vezes mais do que no mesmo período de 2022).
A Acnur e a OIM relatam que a maioria dos que cruzaram o Tampão de Darién neste período são naturais da Venezuela (30,2 mil pessoas), do Haiti (23,6 mil) e do Equador (14,3 mil). Há também cidadãos da China, Índia, Colômbia, Afeganistão, Peru e Somália, entre outros países.
A maioria deixou seu país de origem por questões econômicas (pobreza e dificuldade de conseguir emprego, por exemplo), falta de segurança e ameaças à sua vida e à sua família.
O comunicado também traz a informação de que “três quartos das pessoas sofreram ferimentos ou acidente na viagem, e um terço sofreu alguma forma de maus-tratos ou abusos, especificamente durante a travessia da selva de Darién”.