O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) decidiu, nesta quarta-feira (22), elevar a taxa de juros do país em 0,25 ponto percentual, que passam para a faixa de 4,75% a 5%.
De acordo com o Fomc, o comitê de política monetária do banco, a decisão levou em conta indicadores que apontaram “crescimento modesto do gasto e da produção”.
“Os ganhos de empregos aumentaram nos últimos meses e estão ocorrendo em um ritmo robusto; a taxa de desemprego manteve-se baixa. A inflação continua elevada”, afirmou o Fomc, em comunicado.
Os preços ao consumidor nos Estados Unidos desaceleraram em fevereiro, a 0,4%, em comparação ao mês anterior, segundo informou o Departamento do Trabalho norte-americano no último dia 14 de março. Em janeiro, o avanço havia sido de 0,5%.
Na comparação anual — a principal balizadora das decisões da autoridade monetária –, a inflação ficou em 6%. “O Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo”, antecipando que “algum endurecimento adicional” da política monetária “poderá ser apropriado” para que a taxa inflacionária convirja à meta.
“Ao determinar a extensão dos aumentos futuros no intervalo da meta, o Comitê levará em conta o aperto cumulativo da política monetária, as defasagens com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e os desenvolvimentos econômico-financeiros. O Comitê está fortemente empenhado em retornar a inflação ao seu objetivo de 2%.”
O comunicado ainda acrescenta que haverá uma redução das participações em títulos do Tesouro dos EUA e dívidas de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências, conforme descrito em planos anunciados anteriormente.
“As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais.”
O movimento de alta ocorre em meio à repercussão da crise bancária que abateu os mercados globais na última semana, após o colapso do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, no Vale do Silício, e da compra do Credit Suisse pelo rival suíço UBS.
A turbulência levou operadores à aposta de uma postura mais branda por parte do Fed neste mês, com uma minoria dos analistas de mercado (cerca de 15%) até mesmo precificando a manutenção dos juros nesta quarta. No entanto, a grande maioria esperava um aumento de 0,25 p.p., que se confirmou na reunião de política monetária.
A leitura é que, agora, o Fed tenta evitar desdobramentos mais drásticos da crise bancária, enquanto mira o desaquecimento da economia norte-americana.
Sobre isso, o Fomc disse que o “sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente”.
“Acontecimentos recentes devem resultar em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas e pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação. A extensão desses efeitos é incerta. O Comitê permanece altamente atento aos riscos de inflação.”