O uso indiscriminado de combustíveis fósseis leva a um aumento dos gases estufa na atmosfera, fator que desregula a temperatura terrestre, resultando no aquecimento global. Especialistas afirmam que as atividades antrópicas, isto é, as atividades humanas são um dos maiores fatores para esse agravamento. Dentre os gases que mais intensificam o aquecimento global estão o dióxido de carbono e o metano. Em outras palavras, o aumento da temperatura do planeta, em decorrência das atividades humanas, causa irregularidades ambientais.
Na prática, o uso de gasolina e diesel, por exemplo, contribui para agravar a situação do aumento do efeito estufa. A queima do carvão para gerar energia também contribui. No Brasil, a mudança de uso da Terra tem um papel essencial para mudar o cenário. O desmatamento, da Amazônia e do Cerrado principalmente, é responsável por cerca de 50% das emissões brasileiras. Em segundo lugar, com cerca de 20% das emissões, vem a agropecuária - como a produção de metano pela fermentação entérica presente no processo de digestão do boi, explica Talita Assis, cientista e especialista no site Amazônia em EXAME, da EXAME.
“As mudanças climáticas que estão nos preocupando são necessariamente decorrentes de causas antrópicas. Isso foi mostrado pelo 6º relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), ou seja, agora não temos mais dúvidas que essas mudanças estão sendo causadas por causas antrópicas. Esse é o problema. Porque sobre as mudanças naturais nós não temos controle, e elas não afetam de maneira considerável o equilíbrio do planeta. Agora, as mudanças que observamos nesse momento em decorrência do aquecimento global são causadas pelo homem e é isso que tem desestabilizado o clima”, afirma Assis.
Segundo a NASA, mais especificamente o Goddard Institute for Space Studies (GISS), o ano de 2022 foi o quinto ano mais quente já registrado, se equiparando a 2015. O estudo diz que a temperatura global atingiu 0,89ºC acima da média. Este fato entra em concordância com uma previsão, da Organização Meteorológica Mundial, uma agência ligada à Organização das Nações Unidas, que diz que a Terra deve ficar, pelo menos, 1ºC mais quente a cada ano até 2024. Ainda segundo a ONU, a última década (2011-2020) foi a mais quente já registrada.
Pensando em limitar e controlar esse aumento da temperatura, o Acordo de Paris decidiu que os países participantes devem apresentar o que são capazes de fazer para limitar o aquecimento global a 1,5ºC por meio do plano de redução de emissões de carbono. Tudo isso através da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que nada mais é do que uma série de compromissos de descarbonização assumidos por cada país. “Os Acordos são essenciais porque prevê a participação dos países no enfrentamento às mudanças climáticas, mas que cada país assuma de maneira voluntária como pode contribuir para esse enfrentamento”, diz Assis.
Tudo isso porque o desequilíbrio ambiental acaba afetando todos os ciclos de vida na Terra, causando um grande efeito cascata. O aumento das temperaturas influencia em diversas situações como o derretimento das geleiras, que causa o aumento do nível do mar e gera impactos diretos a biodiversidade, como migrações e até mortes de algumas espécies.
Unidos, esses desequilíbrios podem contribuir para que eventos mais extremos em quantidade e intensidade aconteçam, como é o caso de secas e frios mais intensos. Ou seja, quanto mais a Terra aquecer, maior serão os desequilíbrios encontrados ao redor do planeta.
A sustentabilidade tem, cada vez mais, tido relevância entre a sociedade civil, governos e até empresas. “Para lidar com as mudanças climáticas,devemos repensar esses processos como a queima de combustíveis fósseis para a geração de energia elétrica e combustíveis para os nossos carros”, diz Assis. “Devemos questionar o desmatamento, olhando para a questão do gado e fertilizantes, repensando a produção de resíduos”, conclui.