A obra "La Gioconda", mais conhecida como "Mona Lisa", é uma das pinturas mais conhecidas do italiano Leonardo da Vinci (que foi pintor, anatomista, arquiteto, paleontólogo, botânico, escritor, escultor, filósofo, engenheiro, inventor, músico, poeta e urbanista) e provavelmente o quadro mais famoso do mundo. É o que explica um artigo publicado no site do Museu do Louvre, na França, o qual abriga o retrato desta mulher cujo sorriso enigmático chama tanto a atenção durante séculos.
A pintura foi executada no início do século 16 e concebida como um retrato de Lisa Gherardini, chamada de “la Gioconda” por ser esposa de Francesco del Giocondo, um comerciante de tecidos florentino, detalha o Museu do Louvre. Nela, Da Vinci usou o sfumato, uma técnica pictórica que consiste em sobrepor camadas finas de tinta para criar as formas, suavizando os contornos e os contrastes.
O quadro "Mona Lisa" chegou à Paris, na França, em 1518, quando o rei Francisco 1º convidou Leonardo da Vinci para visitar o país e, desta forma, adquiriu a pintura. A obra-prima está exposta no Museu do Louvre e é uma das principais atrações para os visitantes que vêm admirar seu sorriso icônico.
Mas será que a Mona Lisa realmente sorri no retrato feito por Da Vinci? A pergunta tem intrigado milhares de pessoas ao longo dos séculos e se tornou até mesmo objeto de estudo de pesquisadores. Por ocasião do Dia Mundial do Sorriso, celebrado em 4 de outubro, dê uma olhada na obra e descubra a resposta.
O enigma sobre o sorriso de Mona Lisa provavelmente decorre da multiplicidade de emoções que podem ser lidas quando se contempla o rosto da mulher retratada, reconhece um artigo da "Smithsonian Magazine", a revista do Museu Smithsonian de História Natural (uma instituição educacional e de pesquisa administrada pelo governo dos EStados Unidos).
Já segundo um outro estudo publicado em 2017 pela revista "Scientific Reports" mostra que a mulher pintada por Da Vinci está, sim, sorrindo, ou pelo menos é assim que a maioria das pessoas a percebe.
Por outro lado, uma equipe de cientistas do Centro Médico, do Instituto de Psicologia e do Instituto para Áreas de Saúde Mental, todos da Universidade de Freiburg, na Alemanha, manipulou a curvatura da boca da Mona Lisa na imagem do quadro e apresentou para um grupo participantes do estudo. Para esse conjunto de 12 pessoas, foi mostrada uma cópia da "La Gioconda" original e oito variantes com tristeza e felicidade crescentes na imagem, a fim de estudar como uma gama de rostos mais felizes ou tristes influencia nessa percepção.
Depois de ver as imagens em ordem aleatória 30 vezes, os voluntários informaram se o rosto era feliz ou triste e qual era a sua confiança pessoal nesse julgamento. Como resultado, os especialistas detectaram que a versão original era sempre percebida pelos espectadores como uma Mona Lisa "feliz", ao passo que as variantes, de estímulo mais ambíguo, apresentavam uma inclinação mais proeminente da curvatura da boca em comparação com a obra real.
Em outras palavras, os resultados do estudo publicado na "Scientific Reports" mostraram que a expressão facial do modelo pintado por Da Vinci era menos ambígua do que o esperado.
No entanto, os pesquisadores esclarecem em seu estudo que “a percepção e a reação ao conteúdo emocional do rosto são relativas e dependem em grande parte da gama de estímulos utilizados”. “Nossa percepção de se alguém está triste ou feliz não é absoluta, mas se adapta ao ambiente com uma velocidade surpreendente”, disse o coautor do estudo Jürgen Kornmeier, pesquisador do Instituto de Psicologia e Saúde Mental de Freiburg e do Centro Médico de Olhos da Universidade de Freiburg, em um comunicado à imprensa.
Embora o estudo de 2017 possa ser esclarecedor, ele está longe de ser conclusivo.
Outro documento publicado pela "Scientific American" detalha que “o sorriso ambíguo da Mona Lisa é explicado por um princípio visual simples: quando as imagens são borradas na periferia de nossa visão, o sorriso dela também é borrado”.
Então, é possível que o artista tenha pintado intencionalmente um sorriso ambíguo? Uma pesquisa publicada em 2015 na "Vision Research", outra publicação voltada para a ciência, argumenta que o sorriso enigmático da Mona Lisa não foi algo acidental na obra, mas “uma característica intencional da maestria de Da Vinci em expressar emoções sutis”.
Esse mesmo estudo analisa outra obra, "La Bella Principessa", uma pintura anterior a "La Gioconda" também feita pelo artista florentino, e na qual a boca da mulher retratada parece mudar de inclinação dependendo da distância de visualização e do nível de desfoque aplicado a uma versão digital do retrato (o que também acontece em "Mona Lisa").
Por meio de uma série de experimentos psicofísicos, os pesquisadores descobriram que uma mudança percebida na inclinação da boca da "La Bella Principessa" influencia sua expressão, gerando uma ilusão de ótica chamada “sorriso inatingível”.
A ilusão é que, ao observar a obra como um todo, a mulher parece estar sorrindo. No entanto, quando o observador se concentra na boca, ela parece estar inclinada para baixo (como mais “triste”) e a expressão muda.
“A qualidade elusiva do sorriso da Mona Lisa já foi relatada antes, portanto, a existência de uma ilusão semelhante em um retrato pintado anteriormente se torna mais interessante”, observa o artigo de 2015. Entretanto, esclarece a "Smithsonian Magazine", não há evidências de que Da Vinci tenha desenvolvido o sorriso enigmático intencionalmente.
Como as pesquisas sobre o assunto mostraram, a resposta sobre se a Mona Lisa está sorrindo ou não permanece incerta e provavelmente continuará assim. Leonardo da Vinci teve a intenção de criar essa ilusão em "Mona Lisa" e "La bella Principessa" ou foi apenas uma coincidência? Não se sabe. “Em ambos os casos, pode-se argumentar que a ambiguidade criada aumenta o apelo do retrato”, conclui o artigo da "Vision Research".