Segundo o estudo, a elite governante do período pós-clássico maia (1200-1524) adotava uma abordagem de não intervenção quando se tratava de administrar a aquisição e o comércio de obsidiana (rocha semelhante a vidro usada para fazer ferramentas e armas). Em áreas mais distantes do centro administrativo, a população local é que regulava a compra e venda do produto por meio de redes independentes e diversificadas. Com o tempo, a disponibilidade da obsidiana e a oferta de artesãos para moldá-la resultaram em um sistema semelhante às economias de mercado contemporâneas.
“Os estudiosos geralmente presumem que o comércio de obsidiana era gerenciado pelos governantes maias, mas nossa pesquisa mostra que esse não era o caso, pelo menos nessa área”, disse Rachel Horowitz, principal autora do estudo e professora assistente de antropologia na Universidade Estadual de Washington. “As pessoas parecem ter tido bastante liberdade econômica, inclusive podendo ir a lugares semelhantes aos supermercados que temos hoje para comprar e vender produtos de artesãos”, completou.
“Durante muito tempo, houve essa ideia de que as pessoas no passado não tinham economias de mercado, o que, quando você pensa sobre isso, é meio estranho. Por que essas pessoas não tinham mercados no passado?”, disse Horowitz. “Quanto mais olhamos para isso, mais percebemos que havia muitas maneiras diferentes pelas quais a vida dessas pessoas era semelhante à nossa”, concluiu.