Previamente desconhecidos, esses documentos foram encontrados pela pesquisadora e escritora brasileira Cláudia Thomé Witte no arquivo mantido pelo Visconde de Almeida (1807-1874). O material foi então repassado para o também pesquisador e escritor Paulo Rezzutti, biógrafo de personalidades da monarquia brasileira. Analisando os documentos com a ajuda do médico português Pedro de Freitas, eles não encontraram indícios de que D. Pedro I sofresse de alguma doença sexualmente transmissível.
A vida sexual agitada de D. Pedro I teria contribuído para o boato a respeito da sífilis. Em entrevista ao Estadão, Freitas disse que acredita também que os rumores podem ter surgido do fato de que D. Pedro I foi submetido a tratamento com mercúrio, substância utilizada na época para tratar a doença. Mas, no caso do imperador, os documentos indicam que a opção pelo uso do medicamento foi feita para tentar conter a eliminação de sangue pela tosse.
Os documentos apontam ainda que D. Pedro I foi submetido a pelo menos 14 tratamentos quando estava no fim da vida. Entre eles, estavam sessões de sanguessugas e sangrias, ingestão de tônicos em vinho e medicamentos como aloés, ruibarbo e digitális. Além disso, ele recebeu morfina e ópio para o tratamento da dor.
Recentemente, autoridades de Portugal autorizaram o empréstimo do coração de D. Pedro I ao Brasil para as comemorações do bicentenário da Independência. Quando morreu, ele pediu em testamento que o órgão ficasse na cidade do Porto. O resto do corpo do monarca está sepultado na cripta do Monumento à Independência, em São Paulo.