A pecuária de Goiás, seja de corte ou de leite, deve sofrer prejuízos em 2024. A projeção é da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), que se baseia na previsão de estiagem para este ano e nas ondas de calor que afetaram o estado em 2023, impulsionadas pelo fenômeno El Niño. O alerta para produtores foi emitido nesta terça-feira (6/2), em Goiânia.
Parte dos dados que apoiam o discurso de prejuízo relacionado a pecuária de Goiás são extraídos da Expedição Safra, realizada pela entidade em janeiro. O trabalho, que envolveu visitas a lavouras de grãos em todo o estado, apontou queda de 23% na produção de soja na safra 2023/2024.
Na oportunidade, técnicos observaram baixo índice de vegetação, juntamente com aumento de chuvas torrenciais que causam escoamento superficial da água e reduzem a recarga do lençol freático, afetando a disponibilidade de água para as plantas.
De acordo com a federação, o estado deve enfrentar uma seca mais prolongada em 2024, dificultando a recuperação da pastagem e a redução na produção das lavouras de milho, diminuindo assim a oferta de alimento para o rebanho. Para o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), as chuvas do final de 2023 até agora não foram suficientes.
“Como tivemos um ciclo chuvoso irregular em setembro, outubro, novembro, dezembro e ondas de calor, não tivemos recarga hídrica suficiente nem recuperação de pastagem. Em janeiro, observamos boas chuvas, mas agora só teremos fevereiro, março e meados de abril, não mais do que maio. Teremos praticamente três meses de chuva somente, o que é preocupante para o campo”, explica André Amorim, Gerente do Cimehgo.
Durante a reunião, a FAEG emitiu um alerta para os pecuaristas sobre ações necessárias diante da previsão de seca com prejuízos para a pecuária, como o estoque de alimento para o gado, que precisa ser feito com antecedência. “Teremos de cinco a seis meses de seca, o que nos leva a orientar os produtores rurais de Goiás para que façam suas reservas de comida. Enfrentaremos um período muito difícil. Além disso, podemos ter também dificuldade no abastecimento de milho devido à menor safrinha que teremos. Enfim, uma série de problemas. Esse é o grande alerta que queremos fazer aos produtores rurais de Goiás para que juntos possamos enfrentar de uma forma mais tranquila ou menos dramática esse período. Além, é claro, do cuidado com a água e das nascentes, para que também tenhamos água tanto para dessedentar o animal como para o abastecimento urbano das nossas cidades”, explicou o presidente da FAEG, José Mario Schneider.
O governo de Goiás decretou situação de emergência em 25 cidades goianas por falta de chuvas. O decreto n.º 10.407 foi publicado em suplemento do Diário Oficial do Estado e tem vigência de 180 dias. “Iremos hoje a Brasília solicitar junto ao Ministério da Agricultura o reconhecimento desse decreto de emergência, que permitirá aos produtores principalmente a renegociação de dívidas perante as instituições bancárias”, ressaltou Pedro Leonardo Rezende, secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Desde janeiro, está em vigor em Goiás uma linha de crédito específica para a pecuária leiteira no âmbito do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). Com taxa de juro menor e carência mais longa para pagamento, o FCO Leite é destinado a financiar projetos do segmento e foi proposto pelo Governo de Goiás ao Ministério do Desenvolvimento Regional. Ao todo, são R$ 300 milhões em recursos disponíveis que devem contemplar cerca de 2.500 pequenos produtores goianos.