A desigualdade socioeconômica se agravou nos países da América Latina e do Caribe desde o início da pandemia, em 2020. Os dados são de um relatório divulgado pela Oxfam nesta sexta-feira (5).
Segundo o documento, as fortunas das pessoas mais ricas dessa região aumentaram 70% do início da pandemia até o final de 2023. Já a pobreza e a extrema pobreza cresceram, e somadas afetam 40,5% dessa população.
US$ 43,5. De cada 100 dólares de riqueza na América Latina e no Caribe, essa é a quantia concentrada em posse do 1% mais rico da população, segundo o estudo.
US$ 0,79. É a quantia concentrada em posse da metade mais pobre dessa mesma população.
2,9 milhões. São as pessoas que entraram nas condições de pobreza e extrema pobreza nessa região, conforme os critérios da Oxfam, desde 2020.
23,9%. Das mulheres latinas e caribenhas viviam numa situação de pobreza nesse grupo de países em janeiro de 2024.
US$ 480,8 bilhões. Essa é a quantia concentrada em posse das 98 pessoas que são consideradas bilionárias na América Latina e no Caribe.
57. É o número de bilionários no Brasil. Somados, eles concentram uma renda de US$ 196 bilhões.
Os pesquisadores que realizaram o estudo identificaram fatores econômicos e sociais que agravam a desigualdade nesses países. Dois se destacaram:
Sistema tributário. "A forma como o imposto é cobrado e o dinheiro público é redistribuído nas sociedades da América Latina e do Caribe. Na maioria dos países da região, as políticias fiscais e os sistemas tributários tendem a reproduzir e aumentar a polarização econômica. A política fiscal pode ser um instrumento essencial para corrigir os profundos desequilíbrios: uma tributação progressiva e eficiente, juntamente com uma política de gastos destinada a garantir direitos de forma equitativa, permite uma redistribuição da riqueza com um efeito direto na redução da lacuna da desigualdade".
Dependência de matérias primas, como o petróleo. "O superciclo de preços no início deste século permitiu que países como Bolívia, Equador e Brasil explorassem o excedente de rendimentos para financiar o investimento social e, dessa forma, reduzir significativamente os níveis de pobreza e desigualdade. Mas o modelo extrativista não lançou as bases necessárias para acabar com as desigualdes em médio e longo prazo. A dependência econômica das matérias-primas conduziu a região a ter ciclos econômicos marcados e sujeitos à volatilidade dos preços internacionais de petróleo, gás e minério".