Como mostrou a EXAME, a redução das estimativas de inflação do mercado e a queda do IPCA-15 já levaram parte dos auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a defender internamente um corte de 0,75 ponto percentual para estimular a economia e a concessão de crédit0.
A avaliação interna é a de que o governo fez o dever de casa: o Ministério da Fazenda demonstra cuidado com as contas públicas, a ala política está construindo uma base no Congresso com o embarque do Centrão à gestão petista e só faltaria a queda de juros para acelerar a atividade econômica, o que fará a arrecadação de tributos crescer. Na prática, isso dará sustentação ao arcabouço fiscal e ao equilíbrio das contas públicas.
A pressão do presidente Lula, do vice, Geraldo Alckmin, e dos ministros sobre a diretoria do BC, que hoje tem dois indicados pela gestão petista, deve aumentar nos próximos dias.
Além da redução da inflação, o mercado e governo espera um crescimento econômico maior. As expectativas, que eram inferiores a 1%, já estão acima de 2%. Enquanto o Ministério da Fazenda projetou uma elevação de 2,5%, a mediana do mercado está em 2,24%.
Economistas que revisaram os cálculos após a surpresa do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre estimam que o carregamento estatístico garantirá que a atividade econômica tenha uma expansão contratada de 2,3%.
Menor inflação, maior crescimento e redução dos juros também devem ter um efeito positivo sobre a trajetória de crescimento da dívida pública. As estimativas apontavam que o endividamento superaria os 80% do PIB e foram revisadas para algo entre 76% e 78%.
Apesar do bom momento econômico, o dever de casa do governo não está completo. Ainda é necessário concluir as votações do arcabouço fiscal, da reforma tributária e a equipe econômica precisa encontrar receitas garantir que o cumprimento da meta de resultado fiscal de 2024, de zerar o déficit público.