Para a Eurasia, três vetores podem influenciar o presidente a apertar ou não o "botão de pânico" da economia: índices de popularidade; desempenho econômico; e expectativas futuras de crescimento e apoio popular.
"Se o apoio público cair em meio ao fraco desempenho econômico, ele buscará alavancas para impulsionar o crescimento por meio de crédito subsidiado ou impulso fiscal para manter essa ameaça da oposição sob controle", diz. "O risco é que tal resposta resultaria em uma espiral negativa de baixo crescimento e derrapagem das políticas, exacerbando as preocupações com a gestão fiscal - o que prejudicaria a capacidade do Banco Central (BC) de afrouxar a política monetária e deprimiria ainda mais a confiança."
Nos últimos meses, porém, todos os três aspectos estão com perspectivas melhores. "Tudo isso não significa que Lula não terá um caminho difícil pela frente", pondera o relatório.
A Eurasia avalia que, embora estejam estáveis ou possam até ter melhorado um pouco, os índices de aprovação do governo ainda devem cair, seguindo uma função natural de decadência e o efeito de desaceleração do crescimento econômico, sob impacto defasado do aperto monetário. Além disso, Lula também terá de administrar gastos maiores sem aumentar impostos - que podem prejudicar o crescimento - ou alimentar as preocupações com a sustentabilidade da dívida, acrescenta o texto.
"Como resultado, a formulação de políticas certamente pode se deteriorar se ele se sentir encurralado politicamente no futuro e esses trade offs se acumularem", diz. A Eurasia pontua, porém, que o ponto baixo nos números de Lula parece previsto para 2024 e não para o segundo semestre deste ano, o que importa nesta análise.
"Quanto mais tempo o equilíbrio da política atual se mantiver, menores serão as chances de mudanças políticas significativas (já que decisões econômicas importantes sobre política fiscal e reformas podem avançar ainda mais). As repercussões das reversões de políticas diminuem um pouco se acontecerem mais tarde no mandato do presidente."