De acordo com o Itamaraty, a expectativa é de que 20 acordos bilaterais entre os países sejam assinados na viagem. A comitiva de Lula inclui alguns dos principais ministros e os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco.
A China é a maior parceira comercial do Brasil desde 2009, quando superou os Estados Unidos, com volume de mais de US$ 150 bilhões comercializados.
Como presidente do Brasil em mandatos anteriores (de 2002 a 2006 e de 2007 a 2010), Lula realizou duas outras visitas à China, em 2004 e 2009. Na ocasião, o mandatário era ainda o ex-presidente Hu Jintao, antecessor de Xi Jinping. Em 2008, Lula também foi à China para a abertura das Olimpíadas de Pequim, mas a ocasião não é considerada uma visita específica de Estado, como explicou o Itamaraty.
Lula chega à China na quarta-feira, a agenda oficial da visita começa na quinta-feira, 13, segundo informou o Itamaraty.
Lula começa a agenda por Xangai, onde visita o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o chamado "banco dos Brics". O banco foi criado em 2014 como instituição financeira de fomento ao desenvolvimento, tendo liderança do bloco de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os "Brics". A ex-presidente Dilma Rousseff assumiu neste mês como presidente do banco, por indicação do governo brasileiro.
Lula participa pela manhã na quinta-feira da cerimônia de posse de Dilma. Inicialmente, a cerimônia deveria ter ocorrido em março, mas foi adiada para incluir a presença de Lula e da comitiva brasileira. Dilma já está morando em Xangai e iniciou os trabalhos no comando da instituição.
À tarde, o Itamaraty informou que Lula terá encontro com empresários em Xangai, e depois retorna para Pequim, a capital chinesa.
Na sexta-feira, 14, estão os principais compromissos governamentais. Lula tem agenda pela manhã com o presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji e irá depositar flores em uma cerimônia na Praça da Paz Celestial. Na sequência, Lula se encontra com lideranças sindicais.
Ainda na sexta-feira, Lula se reúne com o premiê chinês, Li Qiang, e depois com o presidente Xi Jinping, em cerimônia oficial.
Segundo o Itamaraty, a reunião de Lula com Xi Jinping terá uma cerimônia aberta para assinatura de acordos, e depois, um encontro bilateral fechado.
Na sequência, haverá ainda uma cerimônia de troca de presentes e fotos, seguida por um jantar oficial.
Na China, o presidente Lula viajará acompanhado por uma delegação de ministros e governadores. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, também irão ambos à viagem. Dentre os ministros de Lula, a comitiva inclui:
Estarão presentes também os governadores:
A previsão é de que Brasil e China fechem cerca de 20 acordos comerciais na viagem desta semana.
Um dos acordos, segundo o Itamaraty, será para a construção do CBERS-6, o sexto de uma linha de satélites construídos em parceria entre Brasil e China. O novo modelo permite o monitoramento de biomas como a Floresta Amazônica mesmo com nuvens.
"Tratativas importantes que há muitos anos a gente sonhava devem se concretizar com a presença do presidente Lula na China", disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em nota oficial do governo. Fávaro esteve na China em março, embora a viagem do restante da comitiva tenha sido cancelada em virtude de um quadro de pneumonia de Lula. Na ocasião, o Brasil obteve a liberação da venda de carne à China, após 29 dias de paralisação.
Desta vez, um dos temas em que se espera avanço é a certificação digital, "que deve tornar o trâmite de produtos mais rápido e confiável, diminuindo a burocracia para os exportadores brasileiros", segundo o Planalto.
Um acordo de operação direta entre real e yuan (moeda chinesa), que chamou atenção ao ser anunciado no mês passado, também deve estar na pauta. O Planalto aponta que o acordo "sem necessidade de dolarização, também deve facilitar o comércio entre os dois países".
O ano de 2023 marca os 50 anos de relação Brasil-China, segundo o Itamaraty. A primeira venda entre os países ocorreu em 1973, e as relações diplomáticas foram estabelecidas um ano depois.
Desde a primeira visita de Lula, em 2004, o volume comercializado entre os dois países aumentou em 21 vezes, chegando a US$ 150,4 bilhões no ano passado.
Em 2022, o Brasil vendeu à China US$ 89,7 bilhões em produtos brasileiros, o equivalente a 27% das exportações nacionais. Os produtos mais vendidos pelo Brasil à China foram soja (36% do total), minério de ferro (20%) e óleos brutos de petróleo (18%), de acordo com dados do MDIC.
O Brasil, por sua vez, comprou US$ 60,7 bilhões em produtos chineses. Enquanto as vendas do Brasil estão concentradas na agropecuária e indústria extrativa, as compras brasileiras dos chineses se resumem a produtos da indústria da transformação, com liderança de válvulos e tubos termiônicos (11%), alguns tipos de compostos e ácidos (8%) e equipamentos de telecomunicações (7%).