O Banco Central divulga nesta terça-feira (28) a ata de sua reunião na semana passada em que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu mais uma vez por manter a taxa Selic em 13,75%.
Há uma expectativa de que, depois de um comunicado considerado duro na semana passada, sem grandes acenos para uma possível flexibilização nos juros altos, o BC ajuste o tom no novo documento.
A ata é o relatório que o Copom divulga sempre na semana seguinte à decisão da Selic e em que detalha o cenário econômico e as razões consideradas.
Ela complementa o comunicado que o colegiado já publica logo após anunciar os novos juros, no mesmo dia.
“É bem raro ver uma ata muito diferente do que o comunicado que o BC faz logo depois de anunciar a Selic”, diz o economista-chefe da Órama, Alexandre Espírito Santo.
“Mas este comunicado foi muito duro e muito acima do tom que o mercado estava esperando, então é possível que desta vez a ata venha um pouco mais amigável e tente distensionar esse estresse que os mercados estão vivendo.”
O Copom decidiu manter a Selic nos 13,75% pela sexta reunião consecutiva na quarta-feira da semana passada.
Dessa vez, porém, já ganhou mais terreno não só dentro do governo, mas também entre uma parte dos analistas do mercado financeiro a tese de que há mudanças importantes no cenário que justificariam um corte mais cedo na taxa de juros.
Dados novos mostrando uma desaceleração mais forte da economia e também sinais de uma crise bancária e de crédito no Brasil e no exterior estão entre as razões citadas.
Há também grande expectativa com relação à nova regra fiscal que o governo já tem pronta e promete apresentar nos próximos dias para substituir o teto de gastos como mecanismo de controle do crescimento das despesas e da dívida pública.
Todos esses são fatores que ganharam menos espaço no comunicado do BC do que o esperado por uma ala dos economistas.
“O governo está sinalizando com um novo arcabouço fiscal e isso dá motivo para que a ata possa vir um pouco mais leve”, disse Espírito Santo.
“No comunicado, o Banco Central falou muito rapidamente sobre o novo arcabouço fiscal e disse, ainda, que se precisar sobe mais os juros. Mas, apesar da meta ser de inflação, não dá para dar de ombros para circunstâncias que são também importantes para a economia.”
Na semana passada, o Copom destacou, em seu comunicado, o fato de as projeções para a inflação deste e do próximo ano estarem ainda longe da meta.
“O Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”, escreveu a equipe no comunicado.
“O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, acrescentou.