O Ibovespa operava em queda nesta quinta-feira (23), invertendo o movimento de alta visto mais cedo, enquanto investidores digerem a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) em manter a taxa Selic no elevado patamar de 13,75%.
O movimento de queda levou o principal índice da bolsa brasileira para abaixo dos 100 mil pontos. Por volta das 13h25 (horário de Brasília), o Ibovespa recuava 0,72%, aos 99.496,14 pontos, enquanto o dólar, no mesmo horário, tinha alta de 0,7%, aos R$ 5,274.
O movimento pela manutenção dos juros brasileiros já era esperado, mas, contrariando as expectativas de comedimento, o BC subiu o tom no comunicado após a decisão e não descartou a possibilidade de mais apertos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerou o comunicado “muito preocupante”, na mais recente crítica de membros do governo à autoridade monetária e ao patamar de juros do país.
Na véspera, o dólar fechou o dia cotado a R$ 5,236 na venda, em baixa de 0,17%. O Ibovespa, por sua vez, recuou 0,77%, aos 100.220,63 pontos.
O Banco Central fará neste pregão leilão de até 16 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de maio de 2023.
No cenário internacional, bancos centrais seguem no radar, após autoridades da Suíça e Noruega indicarem que o ciclo de altas nos juros ainda não terminou.
O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) também decidiu sobre a política monetária do Reino Unido nesta quinta e elevou a taxa de juros em 0,25 p.p.
A autoridade disse esperar que o aumento da inflação esfrie mais rápido do que antes, apesar do aumento inesperado na taxa inflacionária divulgado na quarta-feira.
Soando mais otimistas sobre as perspectivas para o ritmo lento de crescimento econômico do país, os nove membros do comitê do BoE votaram por 7 a 2 a favor de um aumento de 25 pontos-base nos juros, para 4,25% – o 11º aumento consecutivo.
“O comitê continuará monitorando de perto as indicações de pressões inflacionárias persistentes, incluindo o aperto das condições do mercado de trabalho e o comportamento do crescimento salarial e da inflação de serviços”, disse o banco central.
“Se houver evidências de pressões mais persistentes, será necessário um maior aperto da política monetária”, acrescentou.
Na quarta, o movimento do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) trouxe alívio aos mercados.
Apesar da alta de 0,25 p.p. nos juros, a autoridade adotou um tom mais moderado para falar sobre a trajetória futura da taxa, ao dizer que “algum endurecimento adicional” da política monetária “poderá ser apropriado” para que a inflação convirja à meta.