As ações do Credit Suisse caíam 60% na manhã desta segunda-feira (20), para um novo recorde de baixa de 0,73 francos, depois que o rival UBS disse que pagará US$ 3,23 bilhões pelo banco de 167 anos e assumirá até US$ 5,4 bilhões em perdas.
Os papéis do UBS operavam em queda de 7,8%, mas chegaram a cair 16% no início do pregão –a maior queda em um dia desde 2008–, em meio a preocupações entre os investidores sobre os benefícios de longo prazo da transação e as perspectivas para os bancos na Suíça, um país que já foi visto como modelo de bancos sólidos.
Investidores ficaram assustados com a notícia de que os títulos adicionais de nível 1 do Credit Suisse – ou títulos AT1 – com um valor nocional de US$ 17 bilhões de dólares serão avaliados em zero, irritando alguns dos detentores da dívida que pensavam que estariam mais protegidos do que os acionistas.
As ações dos bancos na Europa operavam em queda, mas reduziam as perdas. O índice que reúne ações das principais instituições financeiras na região caía 1,3% às 8h39 (horário de Brasília), depois de chegar a recuar 6% mais cedo. Os gigantes alemães Deutsche Bank e Commerzbank caíam 2,4% e 2,8%, respectivamente, enquanto o francês BNP Paribas, caía 1,9%. Mais cedo os papéis chegaram a desabar entre 6% e 11%.
As ações europeias se recuperavam de mínimas vistas mais cedo nesta segunda-feira uma vez que os ganhos em serviços públicos e mineradoras compensavam algumas perdas nas ações de bancos, provocadas pelo acordo do UBS para comprar o Credit Suisse.
Às 8h16 (de Brasília), o índice pan-europeu STOXX 600 subia 0,46%, a 438,32 pontos, depois de ter caído quase 2% na abertura do mercado, com serviços públicos e mineradoras liderando os ganhos.
O índice bancário europeu mais amplo caía 1,8%, mas se recuperou de quedas acentuadas de 6% mais cedo, quando atingiu a mínima de três meses.
A nova queda nas ações dos bancos ocorre após os investidores desdenharem das promessas dos principais bancos centrais no fim de semana sobre fortalecimento da liquidez em dólares para estabilização do sistema financeiro.
Em uma resposta global não vista desde o auge da pandemia, o Federal Reserve disse que se juntou aos bancos centrais de Canadá, Inglaterra, Japão, União Europeia e Suíça em uma ação coordenada para aumentar a liquidez do mercado.
O Banco Central Europeu prometeu apoiar os bancos da zona do euro com empréstimos, se necessário, acrescentando que o resgate do Credit Suisse era “essencial” para restaurar a calma.
O setor bancário entrou em crise no início de março com o colapso dos bancos norte-americanos Silicon Valley Bank e Signature Bank.