O cenário de preços do diesel nos próximos meses deve ficar estável, com potencial de alta no fim do ano, com a aproximação do inverno no hemisfério norte, quando o combustível é mais demandado para prover o aquecimento. A projeção foi feita pelo diretor de comercialização e logística da Petrobras, Cláudio Mastela, nesta sexta-feira (29), durante apresentação on-line do resultado da estatal no segundo trimestre, para acionistas.
“Fazer outlook de preços (projeção) é sempre arriscado. Mas, o que vemos hoje é a manutenção de preços e derivados em níveis parecidos com os atuais. Em especial o diesel. Além do que está acontecendo hoje, tem a aproximação do inverno no hemisfério norte. A expectativa é de o diesel ficar nesse nível mesmo ou até mais forte. A menos que se confirme, por exemplo, uma forte recessão global, que não se configurou. Enxergamos hoje o mercado andando de lado, com reforço possível para o diesel no fim do ano”, afirma.
Essa foi a primeira apresentação de resultados da companhia na gestão de Caio Mário Paes de Andrade. O gestor não participou do evento, que detalhou o lucro líquido da companhia no período, de R$ 54,3 bilhões, e as operações realizadas pela estatal.
Desde o boletim semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de 24 de junho, o diesel tem o preço médio do litro, nas bombas dos postos do país, mais alto que o da gasolina. Na edição da última sexta-feira (22), o produto, apresentou preço médio de R$ 7,55 por litro do tipo S-10, contra R$ 5,89 da gasolina comum.
Em maio, a companhia emitiu um comunicado à ANP sobre o risco de desabastecimento de diesel no país durante o segundo semestre. Mastela destacou a evolução do cenário desde então, mas enfatizou que a percepção da companhia sobre o ambiente ainda é de cuidado.
“Algumas coisas evoluíram, a gente ainda enxerga com cautela o cenário do diesel nos próximos meses. Em função do aumento sazonal da demanda no segundo semestre, inverno no hemisfério norte, menor oferta de disponibilidade de exportações russas, paradas programadas de refinarias aqui no Brasil e eventuais indisponibilidades de refino nos EUA e no Caribe, por conta da temporada de furacões no segundo semestre”, explica o diretor da Petrobras.
Mastela destacou os esforços da companhia para lidar com a conjuntura do mercado e apontou que, neste momento, a empresa não enfrenta problemas na aquisição do combustível por parte dos fornecedores mais frequentes.
“Estamos constantemente analisando oportunidades internacionais de mercado. Hoje não estamos com dificuldade para comprar de fornecedores como EUA e Ásia. Já fazemos aquisições de maneira habitual. Para garantir que nossos clientes sejam bem atendidos, a gente reavaliou o nível de estoque e antecipou algumas compras, para garantir o nível de atendimento de nossos clientes. Dado o sinal de incerteza, ter negociadores em Ásia, Europa e EUA nos permite monitorar o fluxo dos derivados de petróleo. Principalmente do diesel, ponto mais sensível nesse momento”, conclui.