O anúncio foi feito nesta terça-feira, 19, a primeira redução no preço da gasolina via Petrobras desde 15 de dezembro.
Os demais combustíveis, como diesel, GLP (usado no gás de botijão) e gás natural, seguem com os preços atuais.
A redução acontece em meio à queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional, com os temores de uma recessão global derrubando o preço da commodity.
A Petrobras afirmou em nota que "acompanha a evolução dos preços internacionais de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina".
A estatal disse ainda que "busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio".
No mês passado, em movimento contrário, a Petrobras havia aumentado o preço da gasolina perto dos mesmos 5% em 18 de junho, quando o petróleo estava em alta no mercado internacional.
O barril do tipo Brent, usado como referência pela estatal brasileira, teve sua primeira queda mensal em junho desde o começo da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro.
O Brent chegou a ficar abaixo do patamar de US$ 100 na semana passada, mas voltou a se recuperar e era cotado perto de US$ 106 no começo da tarde desta terça-feira.
A Petrobras vinha sendo pressionada a reduzir o preço diante da queda internacional do petróleo, mas um desafio segue sendo o dólar, que subiu nas últimas semanas e segue muito volátil, também impactando os preços dos combustíveis.
Apesar da baixa anunciada para a gasolina, o tema de novas reduções na Petrobras seguirá na mesa no que diz respeito ao diesel, cujo preço está mantido, por ora.
Antes da redução da Petrobras, na abertura de mercado desta terça-feira, a cotação média da gasolina vendida no Brasil (majoritariamente pela Petrobras) superava em 8% (R$ 0,30 por litro) o preço internacional, segundo levantamento diário da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
O diesel no Brasil também abriu 5% (R$ 0,28 por litro) acima do preço internacional nesta terça-feira.
A redução no preço da gasolina diz respeito somente ao combustível nas refinarias da Petrobras, que respondem por cerca de 80% da gasolina vendida no Brasil. O restante é vendido por importadores ou refinarias privatizadas, já a preços de mercado.
Para além dos R$ 0,20 cortados pela Petrobras, o preço final ao consumidor na bomba depende ainda de tributos, preço do etanol anidro (misturado à gasolina obrigatoriamente) e margens de lucro ao longo da cadeia de distribuição e revenda.
Nessa frente, o combustível vendido ao consumidor também vem tendo queda nas últimas semanas diante da redução nas alíquotas de ICMS, além de tributos federais zerados para gasolina (e para o diesel anteriormente).
Com as mudanças, o preço médio da gasolina no Brasil fechou a semana encerrada em 16 de julho (sábado) em R$ 6,07, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP) em mais de 5 mil postos.
Em quatro semanas, a queda foi de 18%. O preço médio da gasolina há um mês, na semana até 19 de junho, era de R$ 7,39/litro.
O corte no ICMS e tributos federais zerados para a gasolina vieram após um projeto de lei sobre o tema ser aprovado no Congresso em junho, estabelecendo o teto da alíquota do ICMS em 17% - na prática, uma redução frente aos mais de 25% na maioria dos estados anteriormente.
Desde então, estados anunciaram redução de suas alíquotas, embora um imbróglio judicial sobre o assunto continue na Justiça.
A medida, embora sirva para reduzir o preço dos combustíveis, foi criticada pelo alto custo fiscal aos estados e uso de recursos hoje usados em serviços públicos como educação e saúde. A perda calculada na época da votação do projeto foi de R$ 115 bilhões para estados e municípios somente neste ano.
Na outra ponta, defensores do corte e o governo federal argumentam que a medida servirá para reduzir a inflação generalizada e que estados e municípios têm caixa para bancar a redução. A expectativa é que julho tenha "deflação" com os cortes nos combustíveis. A inflação brasileira no IPCA, principal índice inflacionário, fechou junho perto de 12%, um dos maiores patamares desde o início do Plano Real, mas a expectativa no mercado é que termine o ano abaixo de 8%.