Muitas vezes belas e aparentemente inofensivas, as plantas podem esconder perigos reais à saúde humana e dos animais. Há algumas que por proteção própria liberam substâncias químicas que podem gerar irritações na pele das pessoas, bolhas e até queimaduras. Já outras são ainda mais prejudiciais, tendo venenos mortais.
Como afirma a Encyclopaedia Britannica (plataforma de conhecimento e educação do Reino Unido), até o famoso filósofo Sócrates, da Grécia antiga, foi vítima fatal de uma planta venenosa, a Conium maculatum. Mas o perigo está presente em várias espécies da flora em todo o planeta. A seguir, conheça algumas dessas plantas.
Pode ser difícil identificá-las, mas é muito importante ter atenção e conhecer quais são as espécies de plantas que podem fazer mal à saúde humana e de animais para, assim, evitar qualquer tipo de contato e possíveis problemas. Tanto a Britannica, como também o U.S. Fish & Wildlife Service (órgão do governo norte-americano para a vida selvagem) e o NSW Poisons Information Centre, um centro informativo do governo australiano sobre toxicidade, criaram listas com algumas dessas plantas venenosas e muito perigosas.
A planta responsável pela morte do filósofo Sócrates, a Conium maculatum, é popularmente conhecida como “cicuta venenosa”, porém não é da mesma família das cicutas, e sim da família Apiaceae. Ela é nativa da Europa, África e Ásia, mas foi levada e está presente também na América do Norte, como explica o site de vida selvagem do governo dos Estados Unidos.
Todas as partes desta planta são altamente venenosas para pessoas e animais. Ela é tão perigosa que até a ingestão de pequenas quantidades pode resultar em morte. Essa planta normalmente mede de 1,5 a 2 metros de altura e tem caules sem pelos e ocos, com sulcos e manchas roxas, como descreve o órgão norte-americano.
A cicuta d'água (Cicuta maculata) é considerada a planta mais tóxica da América do Norte, apesar de sua aparência inofensiva de florzinha silvestre.
Apesar de parecida e capaz de ser confundida com a “cicuta venenosa” (a Conium maculatum), a cicuta d’água (ou cicuta aquática) é considerada “a planta mais violentamente tóxica da América do Norte”, explica a Britannica. Ela é uma grande flor silvestre da família das cenouras, e às vezes é confundida com aipos comestíveis – o que é bem perigoso.
Ela possui um veneno chamado cicutoxina e todas as suas partes são altamente tóxicas para pessoas e animais. A ingestão pode causar dor abdominal, convulsões, delírio, náusea e vômito, podendo muitas vezes resultar em morte. Essa planta normalmente mede de 1 a 2 metros de altura. Os caules podem variar em cor e padrão, de verde sólido ou roxo a verde com manchas ou listras roxas.
Ela até lembra uma pequena maça, mas a Hippomane mancinella, a macenilheira, é uma planta cujo o fruto é muito tóxico, tanto que ganhou o apelido de "manzanilla de la muerte" - maçazinha da morte.
Já a Hippomane mancinella (conhecida popularmente no Brasil de mancenilheira) é uma árvore perene nativa da Flórida (Estados Unidos), do Caribe e de partes da América Central e América do Sul. Suas folhas e frutos se assemelham aos de uma maçã, o que pode fazer com que algumas pessoas se confundam – em alguns lugares é até conhecida inocentemente como “maçã da praia”, conta a enciclopédia inglesa.
Entretanto, seu nome em espanhol, manzanilla de la muerte (maçãzinha da morte, em tradução livre), reflete melhor suas propriedades perigosas e venenosas. Isso porque essa planta contém várias toxinas e a ingestão de seus frutos pode ser fatal e, no mínimo, causa bolhas na boca e no esôfago que quem a come.
A mamona (Ricinus communis) é planta originalmente africana, que se adaptou ao solo do Brasil e se tornou comum por aqui, também possui um veneno muito tóxico à saúde humana e animal.
Amplamente cultivada como uma planta ornamental, a mamona (Ricinus communis) é bonita, atraente e nativa da África (especialmente na Etiópia e no leste do continente africano). Como explica o site da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a mamona mostrou ampla adaptação às condições de clima e solo do Brasil, sendo hoje encontrada quase em todo o território nacional.
Embora as sementes processadas sejam a fonte do óleo de rícino, elas contêm também naturalmente o veneno ricina, que pode ser mortal até em pequenas quantidades. São necessárias apenas uma ou duas sementes para matar uma criança e até oito para matar um adulto.
A ricina atua inibindo a síntese de proteínas nas células e pode causar vômitos graves, diarreia, convulsões e até mesmo a morte. Segundo a Britannica, esse veneno foi usado em 1978 para assassinar Georgi Markov, um jornalista que se manifestou contra o governo búlgaro, e também foi enviado por correio a vários políticos dos Estados Unidos em tentativas fracassadas de terrorismo.
A maioria das fatalidades é resultado da ingestão acidental por crianças e animais de estimação.
Os frutos da beladona (Atropa belladonna) são belos e doces, o que atrai crianças e adultos ao perigo de seu veneno mortal.
De acordo com a lenda inserida nos textos do célebre escritor inglês William Shakespeare, os soldados de Macbeth envenenaram os dinamarqueses invasores com vinho feito da fruta doce da “erva-moura mortal” – um dos nomes populares da Atropa belladonna.
De fato, é a doçura de seus frutos que muitas vezes atrai crianças e adultos desavisados a consumir essa planta letal. A beladona é nativa de áreas arborizadas ou desertas no centro e no sul da Eurásia. Ela tem folhas verde-escuras opacas, flores roxas e bagas pretas brilhantes do tamanho de cerejas.
A beladona contém atropina e escopolamina em seus caules, folhas, bagas e raízes e é essa toxina que causa paralisia nos músculos involuntários do corpo, inclusive no coração.
De acordo com o site australiano de informações sobre venenos da flora, até mesmo o contato físico com as folhas, como um simples toque, pode causar irritação na pele. Porém é importante saber que todas as partes dessa planta são tóxicas, especialmente os frutos e as sementes.