A mudança climática refere-se às transformações, a longo prazo, nas temperaturas e nos padrões climáticos. Embora essas mudanças possam ser naturais, por exemplo, no caso de variações na atividade solar ou a grandes erupções vulcânicas, são as atividades humanas o principal fator de mudança climática atualmente. E a principal causa é a queima de combustíveis fósseis, afirma a Organização das Nações Unidas (ONU).
Os efeitos da mudança climática já estão sendo sentidos em diferentes partes do mundo. Mas quais são exatamente esses efeitos?
Em uma página dedicada, a ONU lista as principais consequências. Aproveite o Dia Internacional contra a Mudança Climática, que acontece anualmente em 24 de outubro, para saber mais sobre os desafios impostos pela mudança climática.
Um cidadão de Barranquitas, em Porto Rico, volta para casa com comida e água após a passagem do furacão Maria, em 2017, que atingiu a categoria 5 na escala de ventos de furacões Saffir-Simpson. Como resultado da mudança climática, os furacões estão se tornando mais destrutivos e alguns cientistas dizem que devemos nos preparar para tempestades de categoria 6 (o sistema de classificação atual termina na categoria 5).
O aumento das temperaturas não é apenas uma sensação. Desde 1980, cada década tem sido mais quente do que a anterior como resultado de uma concentração crescente de gases de Efeito Estufa.
Como resultado, as ondas de calor estão se tornando mais frequentes, algo que impacta o planeta de várias maneiras. As temperaturas mais altas levam a maior ocorrência de doenças relacionadas ao calor, a incêndios florestais que ocorrem com maior facilidade, e a um aumento das temperaturas dos oceanos.
De acordo com um artigo de National Geographic Estados Unidos, para cada grau que o termômetro sobe o ar retém 7% mais umidade. “Esse aumento da umidade na atmosfera pode levar a inundações repentinas, furacões mais intensos e destrutivos e, paradoxalmente, tempestades de neve ainda mais fortes", diz a reportagem norte-americana.
Além disso, o aquecimento do oceano também afeta a frequência e a magnitude das tempestades tropicais, pois os ciclones, furacões e tufões se alimentam das águas quentes da superfície do oceano.
Como foi visto durante a passagem do furacão Milton pelo estado da Flórida, nos Estados Unidos, em outubro de 2024, eventos estes têm efeitos devastadores sobre as populações. Eles derrubam casas, alteram a paisagem, prejudicam a agricultura, causam inundações e podem ser letais para pessoas e animais.
O aquecimento global causa escassez de água em regiões já secas e aumenta o risco de secas agrícolas – as quais afetam as colheitas – e secas ecológicas, aquelas que aumentam a vulnerabilidade dos ecossistemas, adverte a ONU.
Tempestades destrutivas de areia e poeira, e a expansão dos desertos também estão na lista de consequências das mudanças climáticas.
A África é responsável por apenas 2 a 3% das emissões globais de gases de Efeito Estufa no mundo, mas sofre desproporcionalmente com suas consequências, alerta a Organização Meteorológica Mundial. De acordo com um relatório de 2022 da agência, espera-se que o alto estresse hídrico desloque cerca de 700 milhões de pessoas até 2030. Na foto, uma vista aérea da barragem de água de Afwein, Maalimin, Quênia.
O oceano absorve a maior parte do calor gerado pelo aquecimento global, explica a ONU. E, à medida que se aquece, as camadas de gelo e os icebergs derretem, elevando o nível do mar e ameaçando as comunidades costeiras e insulares.
As nações de Vanuatu e Papua Nova Guiné, ambos na Oceania, são dois dos países mais ameaçados pelo aumento do nível do mar.
Além disso, mais dióxido de carbono no mar leva ao aumento da acidificação dos oceanos, colocando em risco as espécies marinhas e os recifes de coral.
Incêndios florestais, condições climáticas extremas e a invasão de pragas com o surgimento de doenças são algumas das principais ameaças às várias espécies terrestres e oceânicas que enfrentam a extinção devido às mudanças climáticas, de acordo com a organização internacional.
Especificamente, a ONU adverte que as espécies estão se extinguindo a uma taxa mil vezes mais rápida do que em qualquer outro momento da história registrada.
A combinação dos efeitos acima pode levar a um aumento da desnutrição no mundo, especialmente entre as populações mais pobres.
Como a organização mundial aponta, a acidificação dos oceanos coloca em risco os recursos marinhos, as mudanças na cobertura de neve e gelo nas calotas polares alteraram o suprimento de alimentos gerados pela pecuária, caça e pesca. “O calor extremo pode reduzir a água e o pasto para o gado, levando a uma diminuição na produção agrícola e afetando a pecuária”, diz a ONU.
Um relatório de 2024 da Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS), um tratado de biodiversidade das Nações Unidas, mostra que quase todos os peixes listados na CMS estão ameaçados de extinção. Na foto, um tubarão-zebra (Stegostoma tigrinum) preso em uma rede de pesca.
As mudanças climáticas prejudicam a saúde por meio de poluição, doenças, eventos climáticos extremos, deslocamento forçado, pressões sobre a saúde mental e aumento da fome e da desnutrição em locais onde as pessoas não conseguem produzir ou encontrar alimentos suficientes.
Todos esses fatores levam a riscos à saúde. De acordo com dados oficiais da ONU, estima-se que os fatores ambientais sejam os responsáveis pela morte de cerca de 13 milhões de pessoas todos os anos.
Outro efeito da mudança climática resultante de uma combinação de fatores é o aumento da vulnerabilidade das pessoas em diversos pontos do planeta. Isso ocorre por causa da destruição de casas devido a inundações, por exemplo, ou as dificuldades na agricultura em decorrência da escassez de água, o que gera deslocamento forçado.
A mudança climática representa um grande desafio para a humanidade, mas existem soluções conhecidas, assim como estruturas e os acordos globais para orientar o progresso, segundo o órgão internacional.
Nesse sentido, existem três categorias principais de ação: a redução de emissões, a adaptação aos impactos climáticos e o financiamento dos ajustes necessários para um mundo mais verde.
De acordo com a ONU, para evitar consequências climáticas catastróficas, o mundo deve reduzir a extração das atuais reservas confirmadas de combustíveis fósseis em mais de dois terços até 2050. “Podemos pagar a conta agora ou pagar caro no futuro”, enfatiza a agência, e embora isso exija investimentos financeiros significativos por parte de governos e empresas, "a 'inação climática' é muito mais cara".