Comer um bom chocolate é uma experiência sensorial. Do aroma que ele possui passando por sua textura, este alimento é incrivelmente conhecido no mundo todo e mais antigo do que muita gente imagina. Sua história, seus possíveis benefícios para a saúde e sua importância socioeconômica fazem dele um produto único.
Aproveitando a popularidade do alimento, National Geographic selecionou quatro perguntas-chave sobre o chocolate para informar não só os admiradores deste doce, mas a qualquer um que não resista a um pedacinho.
Na foto, um chocolatier (ou seja, um especialista em chocolate) mergulha bolas de ganache em chocolate líquido, em um ateliê na cidade de Bayonne, na França.
A história do chocolate remonta a milhares de anos. Ele é feito do cacau, um fruto do cacaueiro cujo nome científico é Theobroma cacao, e que se originou há milhões de anos na América do Sul e Central, a leste das Cordilheiras dos Andes. É o que explica a Organização Internacional do Cacau (ICCO), uma organização intergovernamental criada em 1973 sob os auspícios das Nações Unidas.
De acordo com a fonte, evidências arqueológicas mostram que as sementes de cacau já eram usadas há mais de 5.300 anos. “Originária da bacia amazônica, durante o segundo milênio a.C., a árvore do cacau se aclimatou na Mesoamérica, a vasta região formada pela América Central e pelo México. Lá ela foi domesticada e manipulada em uma variedade conhecida como criolla, que tem um sabor mais delicado e menos amargo do que o cacau sul-americano”, explica um artigo da National Geographic da Espanha.
Várias civilizações antigas, incluindo os maias (que viviam em uma área onde hoje estão os atuais México, Guatemala e Honduras), os incas (que viviam no território atual de Peru, Equador, Colômbia e Bolívia) e os astecas (que habitavam o que é hoje o sul do México), usavam o cacau como alimento, moeda de troca e também em rituais.
De fato, o cacau era considerado um alimento sagrado dos deuses.
A origem da palavra chocolate não é clara, embora pareça vir do nahuatl, uma língua falada atualmente em várias partes do México e que “era anteriormente a língua do império Asteca”, define o Dicionário da Real Academia Espanhola (RAE), a entidade dedicada à regularização linguística no mundo de língua espanhola.
O que se sabe é que os povos de antigas civilizações usavam inicialmente o cacau como fruta e também para preparar bebidas; em alguns casos, ele era também moeda de troca e símbolo de abundância, explica a enciclopédia de história.
Os astecas chamavam os grãos de cacau de cacahuatl e a bebida que faziam a partir deles deram o nome de xocolatl – provavelmente, daí vem a origem da palavra que conhecemos hoje como chocolate.
Os maias também preparavam a bebida à base de cacau, o xocolatl. Para esses povos, o chocolate era bebido principalmente pelas classes mais altas e consumido após as refeições, geralmente acompanhado de fumo, diz a fonte histórica.
Um fruto cacau aberto mostra as sementes que logo se transformarão uma nova árvore de cacaueiro.
Os benefícios do cacau e dos produtos derivados do cacau (como o chocolate) têm sido objeto de interesse há centenas de anos. E, embora alguns benefícios à saúde tenham sido sugeridos, esse é um assunto ainda em estudo, com pesquisas que parecem promissoras.
Para além de seu valor alimentar, essas antigas sociedades mesoamericanas usavam a manteiga de cacau, que era obtida da gordura das sementes, para preparar pomadas úteis para o tratamento de pele seca, queimaduras e lábios rachados, explica um acordo com o artigo da National Geographic da Espanha.
Os especialistas agora estão investigando outros benefícios. Por exemplo, um ensaio clínico randomizado publicado em 2022 no "American Journal of Clinical Nutrition" concluiu que a suplementação com extrato de cacau reduziu a mortalidade geral por doenças cardiovasculares em 27% entre os participantes do estudo.
Outra pesquisa, publicada em 2020 no "European Journal of Preventive Cardiology", concluiu que o consumo de chocolate pelo menos uma vez por semana pode ajudar a manter os vasos sanguíneos do coração saudáveis.
Citado pela Sociedade Europeia de Cardiologia, o autor do estudo de 2020, Dr. Chayakrit Krittanawong, da universidade Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos, explicou que os nutrientes do chocolate (como flavonoides, metilxantinas, polifenóis e ácido esteárico) podem ser responsáveis por esses benefícios na circulação sanguínea, reduzindo a inflamação e aumentando o colesterol bom (colesterol HDL).
Além disso, certos nutrientes do cacau podem estimular a função cerebral, especialmente em adultos mais velhos, observa um artigo do "National Institutes of Health", um centro de pesquisa médica do governo dos Estados Unidos. Entretanto, deve-se observar que grande parte desta pesquisa não envolve o consumo do chocolate propriamente dito, mas sim de seus componentes. Isso porque os chocolates têm uma concentração mais baixa desses compostos e geralmente têm adição de açúcar e de manteiga de cacau.
Portanto, são necessárias mais pesquisas para determinar se os benefícios do cacau se estendem a todos os tipos de chocolate e quais são as quantidades recomendadas.
Há uma controvérsia sobre a data para celebrar o chocolate, sendo diferente em alguns países. No Brasil – sexto maior produtor mundial de cacau do mundo – se comemora o Dia do Chocolate anualmente em 7 de julho. A data é uma herança portuguesa, já que em Portugal também se celebra esse dia por conta da relação da época da chegada do chocolate na Europa, no século 15, como explica um artigo da Secretária de Agricultura do Estado de São Paulo.
Por outro lado, na França a data escolhida é 1º de outubro e em países como Estados Unidos e México, o Dia do Chocolate é comemorado em breve, em 13 de setembro. Independente do dia, sempre é válido reconhecer o valor do cacau, aprender mais sobre sua origem e, claro, saborear um bom chocolate.