A maior ordem de anfíbios existentes na Terra é a Anura, da qual pertencem todas as diferentes famílias e espécies de sapos, rãs e pererecas. Com cerca de 7.300 espécies, os animais da ordem Anura estão presentes no mundo todo – menos na Antártida, já que esses anfíbios não conseguem sobreviver às temperaturas tão geladas desse continente, conforme relata a Encyclopaedia Britannica (plataforma de conhecimento e educação do Reino Unido).
Entre tantas espécies de anuros, o Brasil contabiliza 1.144 espécies – sendo, portanto, o país com a maior diversidade desse grupo de anfíbios do mundo, segundo o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN), um órgão que pertence ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
A principal semelhança que une todas as espécies de anuros é que esses animais respiram pela pele e também pelo pulmão, e sugam água pela região inguinal (aquela abaixo da barriga), conforme explica Carlos Jared, que é diretor do Laboratório de Biologia Estrutural do Instituto Butantan (instituição governamental de São Paulo que, desde 1901, estuda animais, faz pesquisas científicas e produção de imunobiológicos).
Apesar disso, há várias características que diferenciam os anfíbios anuros entre si. Conheça, a seguir, as principais diferenças entre os sapos, as rãs e as pererecas.
O sapo Rhinella diptycha pertence ao grupo dos sapos cururus, uma espécie que habita o Brasil e vários outros países da América do Sul.
Eles são membros da família Bufonidae que, em todo o mundo, possui cerca de 600 espécies dentre 52 gêneros, sendo que mais da metade dos bufonídeos são membros de um único gênero, o Bufo, segundo a Animal Diversity Web (ADW), enciclopédia online mantida pelo Museu de Zoologia da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
Os sapos são anfíbios terrestres, mas os machos e as fêmeas se encontram nas proximidades de lagoas ou outros locais úmidos para acasalarem. As fêmeas colocam ovos dentro da água e os girinos nadam até nascerem as patas, trocando então para o habitat terrestre.
Entre os demais anuros, os sapos são os que possuem o corpo mais forte e patas traseiras curtas e robustas. Outra característica marcante desses animais é que eles costumam caminhar em vez de saltar e pular. De acordo com o Butantan, uma característica comum entre os sapos é a presença de duas grandes glândulas atrás da cabeça, chamadas de glândulas parotoides. É nelas que fica o veneno usado em quem tenta mordê-lo.
Porém, não é preciso ter “medo de sapos” porque esses animais não têm como expelir o veneno sozinhos. É o próprio predador ou agressor que aciona a substância tóxica através da pressão da mordida, levando os jatos de veneno na boca.
Os sapos possuem a pele seca e rugosa, mas precisam de hidratação para manter seu metabolismo e, por isso, é comum encontrá-los próximos de lagoas, poças d’água e tanques e máquinas de lavar roupa.
Na foto vemos um exemplar de Leptodactylus labyrinthicus que não é da família das rãs, mas é chamada dessa forma erroneamente no Brasil. Eles são encontrados no Cerrado e na Caatinga do Brasil, bem como em outros países sul-americanos.
A maior família de rãs que existe no mundo é a Ranidae, cujas espécies ocorrem quase exclusivamente no Hemisfério Norte. Há duas subfamílias de rãs, contendo cerca de 35 gêneros e mais de 600 espécies. Os ranídeos não são encontrados naturalmente na América do Sul, na maior parte da Austrália, na Índia e na maioria das ilhas oceânicas, de acordo com a ADW.
Como no Brasil não há este tipo de anfíbio na natureza, as rãs servidas como alimento em restaurantes ou em casa são da espécie Aquarana catesbeiana, mais conhecidas como rã-touro. Elas vêm de criadouros de rãs, ou seja, fora da natureza. Esses animais são originários dos Estados Unidos e do Canadá, explica o site do Instituto Butantan.
Apesar de não serem encontradas no Brasil naturalmente, o nome desse animal se popularizou graças aos portugueses que, ao encontrarem anfíbios anuros parecidos com as rãs em território brasileiro, também os chamavam assim.
“Os portugueses introduziram o termo ‘rã’ no Brasil para um animal que não é a rã de verdade, mas é semelhante. As 'nossas rãs', também chamadas de jias ou caçotes, pertencem à família Leptodactylidae, cujas espécies são comuns nas Américas do Sul e Central”, afirma Carlos Jared no site do Butantan.
Além de serem encontrados só em alguns locais do mundo, outra diferença entre as rãs e os sapos é que as rãs são animais semiaquáticos. Quando se deparam com alguma ameaça em terra, elas saltam para a água, onde permanecem nadando. Como as rãs passam mais tempo na água ou geralmente ficam mais perto dela quando estão em terra, sua pele é úmida e com aspecto mais viscoso e brilhante.
As patas de sapos, rãs e pererecas também são outro ponto diferencial entre os anfíbios anuros. As rãs têm patas longas e fortes, elas são exímias saltadoras. Mas para saltarem com grande amplitude e rapidez, as rãs gastam muita energia.
As pererecas são anuros da família Hylidae e têm características bem próprias que as diferenciam dos sapos e rãs, como por exemplo o fato de normalmente serem bem menores e mais leves que esses outros anfíbios.
Conforme a ADW, a família dos hilídeos tem aproximadamente 38 gêneros e mais de 700 espécies, estando presentes praticamente no mundo todo. Algo bem único das pererecas é que elas se diferenciam dos demais anuros por terem uma espécie discos adesivos na ponta dos dedos, semelhantes a ventosas.
As pererecas são animais arborícolas, sendo encontradas comumente em árvores de locais úmidos, perto de riachos e córregos. Elas possuem patas longas e mais finas que permitem a elas dar grandes saltos e, ainda, escalar árvores e paredes (auxiliadas pelas pontas dos dedos adesivas).
De acordo com o Butantan, no Brasil existem mais de 350 espécies de pererecas, sendo a da espécie Boana raniceps uma das mais comuns. O nome dado aos anfíbios da família Hylidae no Brasil tem origem na palavra indígena pere'reg (“ir aos saltos”), da língua tupi.