Botos-cor-de-rosa mortos em decorrência da seca que atinge os rios amazônicos e parte da região da Amazônia nos últimos anos chamam a atenção para a vulnerabilidade deste animal, que consta como em alto risco de extinção. O animal, cujo nome científico específico é Inia geoffrensis, está na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).
Por parecer-se com um golfinho, mas viver em água doce, pode haver confusão em torno de que tipo de animal é o boto-cor-de-rosa? A seguir, leia três dados sobre ele que ressaltam sua singularidade e explicam essa pergunta,
O Inia geoffrensis é um mamífero típico de água doce. Segundo a IUCN, ele é endêmico dos rios da Amazônia, circulando por países variados da América do Sul que constituem esse bioma. Entre eles estão Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, diz a fonte.
Ainda assim, não se sabe exatamente o tamanho da área que um boto percorre durante sua vida, mas estudos identificam que eles podem permanecer por anos em áreas de menos de 100km² bem como se deslocar mais de 50 km em um único dia, informa a AMPA – Associação dos Amigos do Peixe-boi (entidade civil sem fins lucrativos criada nos anos 2000 para promover a pesquisa e proteção dos mamíferos aquáticos da Amazônia).
O boto-cor-de-rosa tem uma lenda folclórica associada a sua imagem. Segundo este mito, o animal se transformaria em um homem jovem, durante as noites, para conquistar mulheres das comunidades ribeirinhas.
Como o boto-cor-de-rosa tende a ficar em seu habitat inicial, por isso as mudanças em seu meio ambiente podem ser tão prejudiciais a ele. "Por serem extremamente adaptados ao ambiente amazônico, os botos têm o sistema de ecolocalização bem desenvolvido e seu “melão” na cabeça é avantajado", diz a AMPA.
"Essa característica é importante para se mover na floresta alagada e procurar presas nas águas escuras dos rios amazônicos", completa a fonte. Os animais também têm preferências de habitat de acordo com o sexo, afirma a AMAPA: "as fêmeas e seus filhotes ficam nos complexos de lagos e pequenos tributários, enquanto os machos preferem os rios principais".
Já segundo um documento oficial do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), organização que integra o Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática do Brasil, o boto-cor-de-rosa também é popularmente conhecido por outros nomes.
Entre eles estão boto-vermelho e boto-da-amazônia, mas ambos se referem aos animais endêmicos desta região. Novos estudos, no entanto, indicam existir duas espécies da família Iniidae na região: a Inia boliviensis para a população acima das cachoeiras do rio Madeira, e Inia geoffrensis para o restante da Amazônia.
Uma terceira espécie de boto foi recentemente identificada, detalha a AMPA: trata-se do Inia araguaiaensis, "o único golfinho exclusivo do Brasil e endêmico da sub-bacia Araguaia-Tocantins".
Dois botos registrados na região de Novo Airão, cidade nos arredores de Manaus, no estado brasileiro do Amazonas. De acordo com a AMPA, os botos-cor-de-rosa podem chegar a ter até 2,5 metros de comprimento e 200 quilos de peso. Os machos são maiores e mais rosados do que as fêmeas, e os filhotes ou botos jovens têm cor cinza claro, diz a fonte.
Dono de um corpo robusto e hidrodinâmico, o boto-cor-de-rosa é um mamífero com aparência similar a dos golfinhos. De acordo com a AMPA, ele pode chegar até 2,5 metros de comprimento e 200 quilos de peso. Eles podem viver por décadas, podendo chegar aos 45 anos
É o maior dos golfinhos de água doce do mundo, afirma a fonte. "Os machos são bem maiores e mais rosados do que as fêmeas e sua coloração varia de cinza claro, nos filhotes e jovens, a rosa brilhante nos adultos", diz a fonte.
O boto cor-de-rosa é importante não só para o equilíbrio da fauna amazônica, mas também faz parte do folclore brasileiro, com lendas sobre sua presença nas comunidades ribeirinhas locais.
A mais conhecida conta que, durante à noite, o boto se transformaria em rapaz charmoso e envolvente, deixando as águas dos rios para conquistar as mulheres na Amazônia. Um artigo de National Geographic Brasil intitulado "Boto-cor-de-rosa: a lenda do animal que se transforma em humano e outras curiosidades" se aprofunda nessas histórias.
Segundo detalha um documento sobre a lenda do boto publicado pelo Ministério da Pesca e Aquicultura do Brasil, “os botos vão aos bailes e dançam alegremente com as mulheres, que logo se envolvem em meio a seus galanteios. Apaixonam-se e engravidam deste rapaz”.
O mito popular termina dizendo que o "tal jovem galanteador" desaparece ao amanhecer, pois voltaria para as águas e para a sua forma de boto.