O novo estudo, que considerou dados de 854 cidades europeias com populações acima de 50 mil habitantes, foi o primeiro a estimar mortes atuais e futuras em decorrência do calor com o nível de detalhes regionais oferecidos. O levantamento analisa, ao todo, 1.368 regiões em 30 países do continente.
Um aumento da temperatura global em 3ºC poderia elevar as mortes de 43.729 para 128.809 até o final do século em decorrência do calor. Já as mortes por frio sofreriam uma leve redução nesse cenário (de 363.809 para 333.703), mas permaneceriam altas. No total, as mortes relacionadas à temperatura aumentariam em 13,5%, e a maioria delas atingiria pessoas com mais de 85 anos.
Estima-se que, atualmente, 43,729 pessoas morram por causa do calor todos os anos. As taxas de morte pelas temperaturas excessivas são mais baixas no Reino Unido e nos países escandinavos, e mais altas na Croácia e nas partes mais centrais do continente.
O envelhecimento e a maior suscetibilidade da população a doenças respiratórias, por exemplo, são fatores que irão inibir as reduções na mortalidade relacionada ao frio. No cenário previsto, elas terão redução no Leste Europeu e "ligeiras quedas" em partes da Alemanha, França, Itália e Portugal. Mas na Irlanda, Noruega e Suécia, as mortes relacionadas ao frio aumentarão. Essas são regiões que também devem registrar aumento de cidadãos acima dos 85 anos de idade.
"Espera-se que ocorram muito mais mortes relacionadas ao calor à medida que o clima se aquece e as populações envelhecem, enquanto as mortes causadas pelo frio diminuem apenas ligeiramente em comparação", afirmou David García-León, do Joint Research Centre da Comissão Europeia, em comunicado.
O estudo identificou locais críticos em que o risco de morte por altas temperaturas aumentará de forma drástica. Os hotspots que serão afetados por um aquecimento maior e populações cada vez mais idosas incluem Espanha, Itália, Grécia e partes da França.
O artigo destaca que as pessoas idosas correm um risco acrescido de morte devido a temperaturas extremas. Ao mesmo tempo, o número de pessoas que atingem a velhice deve ficar maior nos próximos anos.
"Há uma necessidade crítica de desenvolvimento de políticas mais direcionadas para proteger essas áreas e os membros da sociedade que correm mais risco com temperaturas extremas", comentou García-León.
Os autores notam, entretanto, que as estimativas podem ser ligeiramente exageradas, uma vez que os resultados baseiam-se em pessoas que vivem em áreas urbanas. Esses grupos enfrentam níveis de estresse por temperatura, especialmente calor, mais altos do que aqueles que vivem no meio rural.
Além disso, gênero, etnia e o efeito em bebês não foram levados em conta na pesquisa. As estimativas levaram em conta diferentes cenários de aquecimento global, para 1,5°C, 2°C, 3°C e 4°C, usando uma combinação de 11 modelos climáticos diferentes.