Saber se o dia será quente ou frio, úmido ou seco vai além de auxiliar nas nossas escolhas cotidianas – é algo essencial para agricultura, pecuária, aviação, navegação e diversas outras áreas sócio-econômicas. A previsão do tempo requer um estudo de diversas variáveis por meio da aplicação dos princípios da física, complementada por uma variedade de técnicas estatísticas e empíricas, como explica a Encyclopaedia Britannica (plataforma de conhecimento e educação do Reino Unido).
Além das previsões dos fenômenos atmosféricos em si, observar o tempo inclui também fazer leituras das mudanças na superfície da Terra causadas pelas condições atmosféricas e pelas mudanças climáticas – como por exemplo a formação de coberturas de neve e gelo, ou o surgimento de tempestade, furacões e enchentes, complementa o site britânico.
O livro “Treatise on Geomorphology” (“Tratado sobre Geomorfologia", em tradução livre), do geógrafo estadunidense John F. Shroder explica que, atualmente, os sistemas de previsão do tempo incorporam a "assimilação de dados" na qual as observações recentes são usadas para melhorar as previsões antecipadas, aprimorando as condições iniciais da previsão.
Mas como surgiu a previsão do tempo? Qual é a sua origem e a história dessa ciência tão presente e necessária na vida diária de todos?
Para vários campos, como a agricultura ou a aviação, é essencial conhecer as condições meteorológicas futuras. Na foto, uma agricultora limpar o terreno onde planta batatas, liberando-o de ervas daninhas.
Segundo o site Earth Observatory, da Nasa (agência espacial norte-americana), a previsão do tempo começou com as primeiras civilizações antigas observando e usando os eventos astronômicos e meteorológicos recorrentes para ajudá-las a monitorar as mudanças sazonais no clima.
Por volta de 650 a.C., os povos da Babilônia tentaram prever mudanças climáticas de curto prazo com base na aparência de nuvens e fenômenos ópticos, como as auroras boreais. Já em cerca de 300 a.C., na antiga China, os astrônomos chineses desenvolveram um calendário que dividia o ano em 24 festivais, cada festival associado a um tipo diferente de clima.
Do outro lado do mundo, na Grécia, numa época próxima, em 340 a.C., o filósofo grego Aristóteles escreveu “Meteorologica”, que era um tratado filosófico que incluía teorias sobre a formação de chuvas, nuvens, granizo, vento, trovões, relâmpagos e tornados, como conta o artigo do site da Nasa.
Ao longo do texto em quatro volumes, que conta também com tópicos sobre astronomia, geografia e química, Aristóteles fez algumas observações notavelmente precisas sobre o clima da Terra na época e foi considerado por muitos como a grande autoridade na área por quase 2 mil anos. Embora muitas das afirmações de Aristóteles fossem errôneas, foi somente por volta do século 17 que várias de suas ideias foram derrubadas.
A previsão climática teve seu início em várias civilizações antigas que, por meio de fenômenos astronômicos, buscavam entender as mudanças no clima. Hoje é possível prever com bastante precisão boa parte dos eventos climáticos, como a queda de neve, por exemplo.
Como explica a Britannica, o estudo científico da meteorologia não se desenvolveu até que os instrumentos de medição de diversas variáveis se tornassem disponíveis. Seu início é comumente associado à invenção do barômetro de mercúrio por Evangelista Torricelli, um físico-matemático italiano do século 17, e ao desenvolvimento quase simultâneo de um termômetro de medição confiável.
Uma sucessão de realizações e criações notáveis de químicos e físicos dos séculos 17 e 18 contribuiu significativamente para a meteorologia. A formulação das leis de pressão, temperatura e densidade do gás pelos físicos e químicos Robert Boyle e Jacques-Alexandre-César Charles; o desenvolvimento do cálculo infinitesimal por Isaac Newton e Gottfried Wilhelm Leibniz; o desenvolvimento da lei de pressões parciais de gases mistos por John Dalton e a formulação da doutrina do calor latente (ou seja, liberação de calor por condensação ou congelamento) por Joseph Black são apenas algumas das principais descobertas científicas.
Durante o século 19, essas ideias brilhantes começaram a produzir resultados em previsões meteorológicas úteis. A Britannica conta que a previsão do tempo moderna passou a ser realizada efetivamente quando as observações passaram a ser trocadas rapidamente em várias estações meteorológicas do mundo e inseridas em um mapa meteorológico para relatar os padrões de pressão, vento, temperatura, nuvens e chuvas. Essa troca rápida de dados meteorológicos tornou-se viável com a criação do telégrafo elétrico em 1837 por Samuel F.B. Morse, nos Estados Unidos.
Um importante avanço no monitoramento meteorológico em grandes altitudes foi feito na década de 1920, graças à invenção da radiossonda. Atualmente, as radiossondas seguem necessárias e são lançadas a cada 12 horas desde diversas estações terrestres em todo o mundo, revela o site da Nasa.
No final da década de 1990 e no início do século 21, o poder de processamento de dados dos computadores aumentou, o que permitiu que as agências meteorológicas produzam previsões mais sofisticadas, ou seja, com modelos mais certeiros.