Alegria, tristeza, raiva… Essas são emoções bastante fáceis de se identificar quando alguém está passando por elas. Por isso mesmo, elas são consideradas “emoções primárias” ou “universais”, como explica Natália Orti, psicóloga e mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), professora da The School of Life brasileira, e especialista na área de autoconhecimento e inteligência emocional, entre outras.
Mas essas três emoções não estão sozinhas: completam a lista as sensações de nojo, o medo e a surpresa, em um total de seis emoções universais, como detalha a psicóloga. “Elas são assim chamadas porque acabam sendo experimentadas de maneira semelhante em todo o mundo. Isso ocorre porque as emoções primárias são respostas biológicas a certos estímulos e integram a nossa natureza humana”, afirma a fonte.
O espectro emocional humano é tão rico que serve também de base para roteiros de filmes e séries. Um dos mais conhecidos a abordar o tema é a animação “Divertida-Mente”, que ganhou uma sequência, em 2024. Nela, sua personagem principal, a jovem Riley, entra na adolescência, fase conhecida por ser um “vulcão em ebulição”, quando o tema é o que se está sentindo.
Segundo a especialista, independentemente da cultura ou experiências de vida, alegria, raiva, tristeza, medo, nojo e surpresa são acionadas diante de situações que qualquer humano irá passar ao longo de sua vida.
“Por exemplo, a alegria é uma emoção primária que experimentamos quando algo bom e agradável acontece. O medo é outra dessas emoções, que acaba sendo acionada quando percebemos algum tipo de ameaça. Já a tristeza nos sinaliza que estamos diante dos diferentes tipos de perda”, explica Natália Orti. A psicóloga resume ainda que a raiva é sentida quando “percebemos dano ou prejuízo causado a nós mesmos ou ao grupo ao qual pertencemos”.
O medo é uma das emoções humanas mais básicas, presentes inclusive para a evolução das espécies. Na foto, a força de paz da ONU em um campo de proteção para civis em Juba, no Sudão do Sul.
“Essas emoções estão ligadas à nossa sobrevivência e evolução como espécie. Isso quer dizer que, durante o processo de seleção natural, tiveram maiores chances de adaptação ao mundo aqueles indivíduos cujo corpo estava propenso a reagir emocionalmente às mudanças do ambiente físico e social”, diz ela.
“Experimentar no corpo as mudanças típicas de cada emoção aumentava a probabilidade de reações que, em última instância, aumentaram a boa adaptação do indivíduo na natureza e nos grupos e comunidades”, explica a psicóloga.
Natália Orti comenta ainda que existem o que é chamado de “emoções secundárias”, sendo elas “ainda mais complexas”. “Elas podem variar mais de pessoa para pessoa, e também dentre as diferentes culturas”, diz a psicóloga.
Entre elas estariam o ciúmes, o orgulho, a vergonha, a admiração e a culpa.
As emoções secundárias são formadas a partir de combinações das emoções primárias: “Também são sempre muito influenciadas por nossas experiências individuais, cultura e aprendizagem social”, finaliza a expert.