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Taxa de dióxido de carbono na atmosfera é a maior em 50 mil anos

Cientistas perfuraram gelo antigo da Antártica e mediram a taxa de CO2; entre os maiores níveis de aumento que, no passado, levariam 7 mil anos para ocorrer, no crescimento atual, aconteceriam entre 5 e 6 anos

Publicada em 15/05/24 às 14:48h - 27 visualizações

por Kativa FM \\ Galileu


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Imagem em close de uma fatia de núcleo de gelo da Antártica, que mostra bolhas de ar contendo gases antigos — Foto: OSU College of Earth, Ocean, and Atmospheric Sciences (CEOAS)  (Foto: Kativa FM \\ Galileu)
A taxa atual de aumento do dióxido de carbono (CO2) atmosférico é 10 vezes mais rápida do que a de qualquer outro momento dos últimos 50 mil anos. Uma equipe internacional de cientistas analisou o gelo antigo da Antártica, que está com níveis altos do gás, em comparação aos eventos climáticos abruptos conhecidos como Eventos Heinrich, para entender o fenômeno. O estudo foi publicado na segunda-feira (13) no periódico Earth, Atmospheric, and Planetary Sciences.

"Estudar o passado nos ensina como hoje é diferente. A taxa de mudança de CO2 atual é realmente sem precedentes", disse Kathleen Wendt, professora assistente na Faculdade de Ciências da Terra, Oceano e Atmosfera da Universidade Estadual do Oregon e autora principal do estudo, em comunicado.

O CO2 é um gás de efeito estufa natural na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. Embora os níveis tenham variado no passado devido a ciclos glaciais e outras causas naturais, estão aumentando devido às emissões humanas.


A análise foi prejudicada pela falta de detalhes dos estudos anteriores sobre o tema — Foto: OSU College of Earth, Ocean, and Atmospheric Sciences (CEOAS)A análise foi prejudicada pela falta de detalhes dos estudos anteriores sobre o tema — Foto: OSU College of Earth, Ocean, and Atmospheric Sciences (CEOAS)

Os pesquisadores encontraram no gelo acumulado na Antártica, de centenas de milhares de anos, gases atmosféricos antigos presos em bolhas de ar. Eles analisaram amostras coletadas quando perfuraram núcleos de até 3,2 quilômetros de profundidade, descobrindo que há produtos químicos característicos do passado necessários para desenvolver registros do clima.

Wendt explica que, nas pesquisas anteriores sobre a última era glacial, que terminou cerca de 10 mil anos atrás, houveram vários períodos em que os níveis de dióxido de carbono pareciam aumentar muito acima da média. Embora as medições não sejam tão detalhadas, revelam toda a natureza das mudanças rápidas, mas limitam a capacidade dos cientistas de entender o que estava ocorrendo.

"Você provavelmente não esperaria ver isso no auge da última era do gelo", pontua a cientista. "Mas nosso interesse foi despertado, e queríamos voltar a esses períodos e conduzir medições mais detalhadas para descobrir o que estava acontecendo."


A equipe científica utilizou amostras do núcleo de gelo da West Antarctic Ice Sheet Divide para investigar esses períodos. Foi identificado um padrão que mostrou aumentos de CO2 que ocorreram junto com intervalos frios no Atlântico Norte, conhecidos como Eventos Heinrich, associados a mudanças climáticas abruptas em todo o mundo.

"Acreditamos que eles são causados por um colapso dramático da camada de gelo da América do Norte. Isso desencadeia uma reação em cadeia que envolve mudanças nas monções tropicais, nos ventos oeste do hemisfério sul e esses grandes arrotos de CO2 vindos dos oceanos”, explica Christo Buizert, professor associado da Faculdade de Ciências da Terra, Oceano e Atmosfera e coautor do estudo.

Camadas de gelo na Antártida acumulam CO2 antigo e atual — Foto: PexelsCamadas de gelo na Antártida acumulam CO2 antigo e atual — Foto: Pexels

No período de maior aumento natural, o CO2 cresceu cerca de 14 partes por milhão em 55 anos, ocorrendo aproximadamente uma vez a cada 7 mil anos ou mais. No ritmo atual, esse nível de aumento levaria entre 5 a 6 anos.

Outras pesquisas indicam que, nos períodos passados de aumento natural desse gás, os ventos a oeste, que têm um papel crucial na circulação do oceano profundo, também se intensificaram. Isso resultou em uma rápida liberação de CO2 do Oceano Antártico.

As projeções atuais sugerem que, devido às mudanças climáticas, esses ventos tendem a se fortalecer ainda mais ao longo do próximo século. De acordo com os pesquisadores, essa intensificação pode reduzir a capacidade do Antártico de absorver o CO2 gerado pela atividade humana.




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