A cratera, que foi inicialmente avistada em imagens de satélite em 1991, tem uma face arredondada de penhasco. Isso ocorreu após um deslizamento de terra ao norte de Yakutia, na Rússia. Esse desabamento expôs camadas de permafrost na encosta restante, que permanecem congeladas há até 650 mil anos. Esse é considerado o permafrost mais antigo da região siberiana e o segundo mais antigo do mundo.
De acordo com cálculos feitos pela equipe, a parede frontal da cratera, ou seja, sua face, está recuando a uma taxa de 12 metros por ano, ao mesmo tempo que a seção desabada da encosta está afundando. Devido às dimensões da depressão, que alcançava 990 metros de largura em 2023, a quantidade de gelo e sedimentos perdidos em Batagay foi considerada "excepcionalmente alta" pelos pesquisadores.
A partir de medições, imagens de satélite e dados de testes laboratoriais em amostras, foi possível mensurar pela primeira vez o volume do derretimento da camada de gelo. Estima-se que uma área equivalente a mais de 14 Grandes Pirâmides de Gizé – um dos maiores monumentos do mundo – tenha derretido desde o desabamento de terra. A taxa de derretimento manteve-se relativamente estável ao longo da última década, concentrando-se ao longo da borda oeste, sul e sudeste da cratera.
O desgelo do permafrost não é uma preocupação restrita à cratera. Esse é um cenário já observado em outras localidades nos polos, despertando a atenção de cientistas para o fenômeno. Em 31 de janeiro de 2022, um artigo publicado na revista Earth’s Future revelou que o derretimento dessas camadas pode possibilitar que o gás radônio, que é cancerígeno, chegue a superfície do Ártico, prejudicando as populações locais.
A recessão observada em Batagay, embora ainda esteja crescendo, tem um limite de expansão por conta da quantidade de permafrost remanescente na cratera. Segundo os pesquisadores, com apenas alguns metros de espessura, “a possibilidade de maior aprofundamento já foi praticamente esgotada devido à geologia rochosa subjacente”.